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[Campus Party] O fim da poker face: bem-vindo à era das tecnologias empáticas

As tecnologias empáticas terão o poder de revelar as reais emoções humanas e interpretar sinais vitais do corpo para  fornecer a melhor experiência possível ao indivíduo

 

Por *Bianca Borges

 

Como seres humanos, muitos de nós anseiam ter o controle cognitivo das nossas emoções e do que compartilhamos e deixamos explícitos para as pessoas com as quais nos relacionamos, certo? Não é segredo que, todo mundo tem a sua poker face pronta para utilizar em determinadas situações, mas isso tende a mudar com o desenvolvimento das tecnologias empáticas.

Durante a Campus Party, a Cientista e Pesquisadora, Poppy Crum, falou sobre os avanços dessas tecnologias e compartilhou um pouco sobre como será o futuro das relações humanas.

Cientista e Pesquisadora, Poppy Crum, trouxe reflexões sobre como as tecnologias empáticas vão transformar as nossas vidas

 

Mas, afinal, o que são essas tecnologias empáticas e como serão utilizadas?

Segundo Poppy Crum, esse nome define o avanço radical do aprendizado das máquinas e da inteligência artificial que, em breve, serão capazes de interpretar os sinais comportamentais e corporais que os humanos emitem com o objetivo de agregar valor e melhorar as nossas experiências como indivíduos.

Essa proeza não será uma tarefa nada fácil para as máquinas, visto que, somos seres bem complexos e únicos. Cada um de nós tem uma percepção sobre a realidade e fatores como o ambiente, a forma como fomos expostos a ele, pressões que enfrentamos no dia a dia, tudo isso, exerce influência sobre a nossa visão de mundo e nossas emoções.

Poppy deu alguns exemplos de como essas tecnologias poderão interpretar nossas emoções e sinais corporais.

“O que há gente aprendeu nos últimos 10 anos é que existe uma quantidade de riqueza no que nós falamos e no modo como falamos. Com o machine learning podemos descobrir pela variação da voz, a probabilidade de uma pessoa ter o mal de alzheimer, por exemplo. Mudanças nos padrões vocais, juntamente com a utilização de pronomes, podem detectar a doença 10 anos antes do diagnóstico clínico. Também será possível prever o acontecimento de um transtorno de bipolaridade através da mudança da voz da pessoa. Além disso, a mudança da cor espectral da voz, também pode indicar se o indivíduo tem diabetes ou não”, explicou a cientista.

Mas não é só para detectar possíveis enfermidades que esse tipo de tecnologia será usado.

“A psicologia, por exemplo, já está usando a inteligência das máquinas para analisar os tipos de relações humanas”, afirmou Poppy.

E até as empresas podem se beneficiar com o avanço dessas tecnologias que podem prever as nossas respostas à determinadas campanhas publicitárias e gerar receita a partir da captação de dados neurais e psicológicos do cliente.

No novo cenário, as tecnologias empáticas terão o potencial de saber mais sobre o indivíduo do que ele próprio acredita se autoconhecer. Elas poderão revelar as nossas reais emoções que antes conseguíamos esconder. E como bem definiu a pesquisadora:

“Nesse sentido, sim, é o fim da poker face. Estamos na era da autenticidade e começamos a entrar na era da empatia, e isso vai mudar quem nós somos, a maneira como interagimos com as pessoas e com o ambiente”.

 

E como fica a sociedade com o fim da poker face?

Para Poppy Crum, os seres humanos vão continuar se adaptando às mudanças, assim como têm feito desde o início da sua existência.

Pense nas transformações pela qual nós já passamos, pense há 20 anos atrás. Naquela época, nós não achávamos que iríamos usar carros compartilhados nem falar com estranhos por meio da internet”, evidenciou a Cientista.

Elementos como conectividade, socialização e novas oportunidades motivam as nossas mudanças culturais,e com as tecnologias empáticas não será diferente. Poppy citou como exemplo a evolução das tecnologias médicas:

Nós evoluímos com o avanço das tecnologias médicas. Com mais recursos para recuperar as pessoas de acidentes graves, por exemplo, os indivíduos se tornam mais engajados em assumir riscos. Muitos perderam o medo de arriscar praticar esportes radicais”.

No final da palestra, Poppy Crum fez uma reflexão e deixou um desafio:

“Precisamos pensar nos benefícios da tecnologia, mas não podemos prejudicar nosso aspecto humano. A questão agora é como você vai treinar a sua cognição para interagir com as tecnologias?” E lembrou: “A tecnologia não é do mal. O que é do mal é a maneira como nós a aplicamos na sociedade.  A tecnologia precisa alavancar a capacidade que cada um de nós já tem”, finalizou Poppy.

 

*Bianca Borges é jornalista formada pela Universidade Anhembi Morumbi. Analista de Conteúdo no Digitalks, também tem experiência nas áreas de assessoria de imprensa e gestão de mídias sociais. Gosta de escrever sobre diversos assuntos mas, atualmente, seu foco é o Marketing Digital.

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