Quinta-feira, 01 de fevereiro de 2018
A sociedade está em constante mudança e com o digital presente em nossa vida quase que 24 horas por dia, essas transformações se intensificam ainda mais. Para falar sobre os desafios do mundo moderno e a evolução da cultura digital, Dado Schneider, Pesquisador renomado, e Ricardo Cappra, Cientista de Dados, estiveram presentes ontem, dia 31 de janeiro, na Campus Party São Paulo, principal evento de internet e tecnologia do Brasil.
Durante o bate-papo entre os dois profissionais foram abordados temas como a transparência da sociedade, mudança de modelo de negócios, informação x conhecimento e mercado de trabalho. Logo no início da conversa Schneider comentou sobre a diferença de acesso das populações do Brasil à internet.
“Se por um lado nós estamos super conectados, no sertão e no interior ainda tem gente que não tem acesso à internet. Nós estamos vivendo o que eu chamo de pororoca cultural – o mundo de quem tem acesso ao digital e quem não tem, não se mistura. Nós vamos demorar de 15 a 20 anos para trocar de dimensão e todos ficarem conectados realmente”, explicou o pesquisador.
A respeito das mudanças da sociedade que já está inserida no digital, Capra comentou sobre a questão da transparência e da exposição dos indivíduos e deu os exemplos das Smart TVs e do WhatsApp.
“Se vocês têm uma Smart TV, ela tem registro de voz e guarda tudo que vocês falam em casa. Quando vocês conectam essas TVs à internet esses dados sobem para os servidores e são comparados com dados de todo o mundo. O WhatsApp também tem esse recurso de captação de voz. Por isso que quando você fala alguma coisa com alguém, depois de um tempo pode receber uma propaganda sobre o assunto que você estava conversando. E isso muda todo o ambiente dos negócios”, ressaltou o cientista de dados.
Uma prova da inovação de mindset nos negócios em função da tecnologia é o caso da Amazon, que recentemente comprou a cadeia de supermercados de varejo Whole Foods. A Amazon criou maneiras para rastrear os clientes nas lojas e, de acordo com Cappra, vai fazer com que as compras sejam todas integradas.
“Aqui no Brasil ninguém está vendo esse movimento do mercado ainda. Quem tem espaço físico e não aproveitar para monitorar os clientes, não entendeu o que essa revolução digital pode proporcionar para o negócio dele”, esclareceu Schneider.
O pesquisador ainda ressaltou que a mudança de mentalidade nos negócios deve ser promovida pelos profissionais que estão na cúpula das organizações, ou seja, presidentes, diretores e gerentes. Enquanto esses colaboradores não entenderem a necessidade de se atualizar e entrar no mundo digital, a empresa não será verdadeiramente forte no mercado que ela atua.
Cada vez mais empresas estão se dando conta que coletar e analisar dados é essencial para aprimorar suas estratégias de negócios e torná-las assertivas. Hoje, não são apenas os profissionais da área de exatas que utilizam os dados com frequência. Você já deve ter ouvido falar sobre Data Driven Marketing, certo? Nada mais é que o marketing orientado por dados.
É fato que tanto os profissionais de comunicação como os donos das empresas precisam se inserir a análise de dados nas suas rotinas de trabalho e nos modelos de negócios.
“Aqueles empreendedores que usarem exclusivamente o feeling para tomar decisões vão ter um problema futuramente. A empregabilidade vai beneficiar aqueles que tem provas de medir e comprovar o que estão dizendo”, explicou Cappra.
Para Schneider, utilização de tecnologias como big data acaba com os profissionais impostores no mercado de trabalho. Ele justificou:
“As pessoas mais criativas trabalham a base de dados para gerar uma boa ideia. Os impostores vão sempre dizer que tiveram um estalo e os mais brilhantes vão dizer que, baseados nos dados, tiveram uma ideia”.
Mas, de acordo o cientista de dados e o pesquisador, não adianta acumular dados se você não é capaz de dar um sentido para eles e transformá-los em uma ideia que pode ser um produto ou um serviço melhor para o seu cliente. “O que as pessoas precisam entender é que tanto a criatividade como os dados precisam estar presentes no currículo de um bom profissional”, salientou Cappra.
Atualmente, as pessoas que possuem conhecimento apenas em uma área específica, já não são tão bem vistas no mercado de trabalho. Segundo Schneider e Cappra, os profissionais não podem ser especialistas (entender muito sobre apenas um assunto), nem generalistas (saber superficialmente sobre diversos assuntos). No mundo de hoje é preciso ter ambas as características, ou seja, entenda muito sobre um assunto específico, seja muito bom nesse tema, mas procure saber sobre os outros aspectos que rodeiam a sua vida profissional, mesmo que esses tópicos não façam parte especificamente da sua área, porque os conhecimentos são complementares.
*Bianca Borges é jornalista formada pela Universidade Anhembi Morumbi. Analista de Conteúdo no Digitalks, também tem experiência nas áreas de assessoria de imprensa e gestão de mídias sociais. Gosta de escrever sobre diversos assuntos mas, atualmente, seu foco é o Marketing Digital.
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