Quarta-feira, 14 de setembro de 2016
O SEBRAE, em parceria com o E-Commerce Brasil, entrevistou 2.781 empresas, na “3ª Pesquisa Nacional de Varejo Online”. O estudo tinha como objetivo avaliar o desempenho do mercado das lojas virtuais no país, tanto em relação aos lucros, quanto ao preparo dos empreendedores.
De 2010 até 2015, o número de aberturas de lojas online cresceu, alcançando um aumento de 23%, em 2015. Porém, em 2016, houve uma queda, e essa porcentagem foi para 5%. Apesar da crise financeira que o país enfrenta, 51% das empresas afirmaram ter lucro; 28%, nem lucro nem prejuízo, e 21% tiveram prejuízos. Isso significa que, em cada 10 operações de e-commerce, cinco têm lucro, três mantêm-se estáveis – sem lucros ou prejuízos – e apenas duas reportam prejuízos.
Esses dados mostram que as empresas do setor de e-commerce podem se recuperar, mesmo em tempos de crise, se tiverem um bom planejamento.
A principal dificuldade citada pelos donos das lojas online para conseguir manter o negócio em funcionamento, foi a alta taxa de tributos cobrados. Logo em seguida, a logística e o marketing apareceram como grandes empecilhos para alavancar o crescimento das empresas.
A pesquisa constatou uma falta know-how em gestão de negócios online por uma parcela considerável dos empreendedores, visto que 32% desconhecem a taxa de conversão em vendas, 38% não souberam informar sobre a taxa de abandono do carrinho e 18% não sabiam qual o valor do investimento em marketing que a empresa tinha feito.
O estudo mostra que o percentual do faturamento das empresas que é gasto com Marketing tem diminuído. Em 2014, era 14%; em 2015, caiu para 13%, e, em 2016, chegou a 12%. Esse último dado é ainda mais preocupante, pois a área é considerada essencial para promover uma marca ou produto e, se as empresas deixam de investir nessa ferramenta, também estão “deixando de ganhar dinheiro”.
Outra informação alarmante é o fato de 43% das empresas não possuírem estratégia de fidelização de consumidores, sendo que é muito mais fácil vender para alguém que já conhece a empresa e consome seus produtos do que conquistar novos clientes, principalmente em tempos de crise.
O sudeste e sul do país concentram a maior parte das empresas de e-commerce, sendo 58% no Sudeste e 18% no Sul. Essas regiões também são os principais destinos de vendas e São Paulo é o Estado que lidera as compras online, com 80% do total nacional. Rio de Janeiro e Minas Gerais estão logo atrás, com 63% e 53% das vendas, respectivamente.
O relatório do SEBRAE também apurou quais são os principais setores da economia nos quais as lojas virtuais atuam: o comércio se destaca nesse levantamento, com 73% das empresas, sendo que 30% delas pertencem ao segmento de moda. Os setores de Serviços e Indústria englobam 8% das lojas e 1% está direcionado para o agronegócio.
O e-mail ainda é a ferramenta mais utilizada pelas empresas de e-commerce para atender os clientes, porém as redes sociais vêm ganhando espaço enquanto canais de atendimento e de concretização de vendas.
Fonte: 3ª Pesquisa Nacional de Varejo Online (SEBRAE e E-Commerce Brasil
A idade média das operações de e-commerce é de quatro anos, sendo que uma em cada duas empresas iniciaram há menos de três anos, e apenas 19% delas têm mais de seis anos.
Segundo os entrevistados, os dois principais motivos que mais influem no fechamento das lojas online são o faturamento baixo e a falta de planejamento e conhecimento sobre o setor.
Apesar disso, os empreendedores estão otimistas quanto ao mercado, 64% dos entrevistados que já tiveram uma loja online pretendem abrir outra, e 59% dos entrevistados que nunca administraram um negócio online estão motivados a entrarem para o mercado.
De acordo com a pesquisa, os três principais diferenciais competitivos para que as empresas se mantenham ativas são: o mix de produtos, o atendimento de qualidade e o preço competitivo. Além de se destacar nesses setores, vale lembrar que os donos de e-commerce precisam ter uma boa estratégia de Marketing.
O estudo concluiu que é necessária uma preparação maior dos empresários em relação aos conceitos administrativos e as técnicas de Marketing para que os e-commerces tornem-se mais lucrativos e competitivos, e possam disputar lugar no mercado com as lojas físicas.
* Bianca Borges é jornalista pela Universidade Anhembi Morumbi, trabalhou na Investe São Paulo com assessoria de imprensa e, hoje, atua na equipe de Conteúdo do Digitalks.
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