Sexta-feira, 03 de março de 2017
2016 foi um ano inesquecível para a política. Brexit, a eleição de Trump e notícias falsas circulando no Facebook provocaram dúvidas quanto à democracia. Um mundo digital adorando a realidade aumentada e a mídia social também tem impulsionado uma desconfiança sobre o que é verdade. Em 2017, segundo informações do Digital Arts Online, você verá um desejo de combater essas incertezas com autenticidade, humanidade pura, destreza e simplicidade e isso estará evidente dentro das tendências visuais.
A sociedade está se reconfigurando e lutando por uma identidade a nível global – tal como o direito de privacidade, migração, deslocamento e a percepção da mulher na mídia. Para nos ajudar a navegar através dessa mudança nós buscamos o reaproveitamento como um protesto para promover a sustentabilidade em meio à vida moderna que dita o que devemos usar e comprar.
2017 é o ano que vamos retornar às raízes orgânicas. Alta reciclagem, agricultura alternativa e engenharia da natureza são tendências que estão dominando as disciplinas do design assim como a moda, os utensílios domésticos e as cores, e vão influenciar composições e tendências visuais dentro do design gráfico, da ilustração e da fotografia.
A ascensão da Geração Z orientada pela tecnologia e inundada por imagens todos os dias produz suas próprias coleções de plataformas de mídias sociais. Como esse ambiente corre o risco de se tornar facilmente artificial, no ano de 2017 você verá um retorno ao natural. A sociedade está suplicando por emoções cruas, imperfeições não filtradas, individualidade e produtos não industrializados.
Nós vamos explorar como isso se traduz nas tendências visuais, neste ano e nos próximos, em áreas como o branding, o design gráfico e digital, a mídia em movimento ou a fotografia. Além disso,também falaremos dessas tendências em outras áreas do design que você deveria procurar inspiração, tais como utensílios domésticos, moda e bem estar.
A Pantone elegeu o verde ou “Greenery” como sendo a cor para 2017 – baseada na sua representação de novos começos, frescor e ambientalismo.
Manifestando-se como uma tonalidade amarela-esverdeada fresca e animada que evoca o primeiro dia da primavera, a “Greenery” envolve a noção de respirar, revigorar e apreciar o ar livre.
Assim como a folhagem, espere ver um aumento de tonalidades intensas como o verde-oliva e o verde caqui, trabalhando ao lado de vermelho ferrugem, castanho avermelhado e cinza carvão para recriar a sensação de minerais e materiais ricos e terrosos.
Esse é um exemplo tirado da Viewpount Colour – revista da cor do futuro desenvolvida por FrankliTill Studio com o apoio da Pantone. Você verá páginas da revista ao longo deste texto.
O design reciclado vai introduzir cores brilhantes e acentuadas a partir da natureza sintética dos plásticos,criando uma estética sobreposta, texturizada e com colagem que inspiram a personalização.
A previsão de cor a longo prazo, como foi dada pela revista Viewpount Colour da Pantone, é uma tendência em utilizar o vermelho, azul e o verde – cores frequentemente vistas em bandeiras de países. Segundo a revista, esse fato se deve à época pela qual passamos, considerada economicamente difícil.
Existe uma demanda para que a verdade seja exposta, por isso, as marcas precisam estar mais focadas nos produtos em si e não nas embalagens.
Isso será ainda mais evidente em embalagens de comida. Garrafas transparentes e ingredientes facilmente legíveis vão emergir na medida em que nós vamos nos tornando mais interessados na origem da nossa comida ou produtos e no processo que envolve a produção e a manufatura. Super alimentos como couve e abacate se tornarão um fenômeno na mídia social e você, provavelmente, encontrará um vegetariano ou vegano orgulhosos, se é que você não encontrou ainda.
Mas, essa necessidade por produtos éticos pode também ser vista na tecnologia. Utilizando o Fairphone como exemplo – uma empresa de celular ética que registra todos os passos da fabricação dos telefones. Desde da obtenção de minerais não pertencentes a zonas de conflito em Ruanda, até o fornecimento de boas condições de trabalho na fábrica. A embalagem também é transparente para mostrar exatamente o material do qual seu telefone é feito.
Na medida em que o nosso mundo se torna altamente global, a imagem das marcas passará a ser mais transcultural e sem fronteiras sociais, assim como Getty Images prevê. Nosso mundo espera que todas as diferenças e virtudes sejam aceitas.
Espere ver linhas simples e padrões de cores fortes que criam interfaces claras, como as usadas nos smartphones. Nós já vimos isso com a imersão da popularidade de logotipos em forma de vetor entre as start-ups digitais ou marcas tradicionais ligadas aos consumidores jovens – NatWest, Co-op e Kodak têm recentemente seguido essa direção.
Mulher corajosa – as representações de mulheres em 2017 irão refletir uma mulher mais preocupada com o que ela faz e não com o que ela usa. As mulheres modernas são ativas, destemidas para “colocar a mão na massa” e definitivamente não devem ser subestimadas. Nada resume esse conceito melhor que a propaganda da Nike.
Anos 90 – A nostalgia dos anos 90 vai permanecer nas tendências das comunicações visuais, de acordo com o Guia das tendências visuais de 2017 da Depositphotos. Fotos espontâneas, rápidas e um estilo arrojado cheio de cores irão emergir, assim como as crianças que nasceram nos anos 90 continuarão promovendo as marcas, usando as redes sociais e se tornando a maior audiência para as marcas jovens.
Sincero – Sem filtro, os retratos verdadeiros estão de volta. Espontaneidade, movimento e emoção pura precisam estar na tela cheia. Fotos que personalizam uma história e capturam um momento, como prevê a Depositphoto, fazem referencia ao estilo dos fotógrafos dos anos 90 tais como Woflgang Tillmans e Terry Ricahrdson.
Um exemplo disso é o projeto de fotografia do Hyung S Kim, no qual ele documenta um mergulho feminino – “eco-feministas” – que pescam peixes no extremo sul da península coreana da maneira mais pura.
Função acima da forma – A lista de tendências visuais da Adobe para 2017 menciona um desejo pela verdade e simplicidade – desgin que valoriza a função do produto ao invés da forma.
“Maximise o espaço em branco e o layout simples, limpo e autentico. Além disso use fotografias com traços de realidade que apelem para os consumidores modernos que querem abraçar a careza e a transparência. Fotos limpas, sem filtro e funcionais irão predominar.”, a Adobe escreveu isso no Creative Connection blog.
Dior, Gucci e Versace, todas experimentaram incorporar roupas esportivas nas suas coleções Primavera/Verão 2017 nas passarelas, como mencionou a Vogue UK.
Roupas esportivas têm se tornado casuais entre uma sociedade ocidental que valoriza um estilo de vida saudável, a prática de exercícios e bem estar. Até a nova marca de roupas da Beyounce, Ivy Park (link), é baseada no desempenho que a roupa oferece “essência moderna tanto para dentro como fora de campo.
A cor caqui também tem sido usada por quase todo mundo na Primavera/ Verão de 2017 – desde as mais bem vestidas mulheres até a moda de rua – como visto na New York Fashion week.
Espere ver roupas feitas a partir de retalhos, tais como as da estilista chinesa Ma Ke. Ela é destaque no Museu de Design Medo e Amor: reações de uma exibição completa do mundo. O projeto no qual ela está trabalhando, Wuyou, ou Supérfulo, tem como foco roupas que são conectadas à terra e as tradições rurais na China, rejeitando o consumismo.
Também na exposição está o mercado de fibra de Christien Meindertsma – explorando o potencial da reciclagem têxtil tais como blusas de lã. O trabalho de Christien destaca a ligação entre materiais puros com produtores, produtos e consumidores, que frequentemente é invisível.
Inúmeros estudos tem provado os benefícios para saúde quando nosso corpo é exposto à natureza. Em 2017 haverá um aumento da manipulação do mundo natural para traze-lo para dentro dos lares urbanos – plantas em estruturas concretas, papel de parede botânico e resíduos de colheita para produzir utensílios domésticos.
A celebração de incontroláveis processos e o caráter agreste serão desejados nas superfícies dos móveis; tampas de mesas com desenhos tipo salt-patterned, azulejos/pisos do tipo charcoal-blazed e estampas que imitam pedra, vão trazer uma qualidade orgânica na estética interior das casas.
Materiais reaproveitados como madeira, rocha e metal irão dominar. Levando isso um passo a frente da agricultura alternativa – maneira inovadora de aproveitar materiais que ninguém usaria para fazer utensílios domésticos.
Os projetos de DIY são elogiados e encorajados – itens personalizados e artesanais em oposição a produção de massa e ao consumismo.
Essa beleza terapêutica e natural estará ligada à simplicidade. Espera-se uma tendência de organização.
Um exemplo disso é a coleção Croft House 2017. A loja varejista resgata a mobília vintage do centro da cidade de LA e vende por um preço razoável, enquanto se oferece para personalizar um móvel. A coleção deles de 2017 é simples, com um grande uso de madeira e metal.
Outro exemplo são os desenhos de Tina Frey, esculpidos a mão no estúdio dela em São Francisco, são baseados em praticidade e simplicidade.
Para fotógrafos e designers gráficos, estes devem ser o contexto e o local no qual o produto do cliente deve ser imerso.
Embora essa não seja uma tendência visual propriamente dita, é importante entender a psicologia por traz das tendências visuais emergentes.
O impacto do ambiente em nosso bem-estar deve ser sempre levado em consideração pelos designers de espaço, produto e materiais. Com o aumento do estilo de vida urbano e digital, é importante retornar aos ambientes naturais para descansar e se recuperar.
2016 foi o ano de matrículas em curso de yoga, meditação e academia e 2017 será uma continuação do fenômeno Hygge. A palavra dinamarquesa é usada para descrever um estado de humor ou sentimento que advém de ter prazer com cada momento diário e comum.
Apesar de ser um clichê usado para vender itens como vinhos e papel de parede, seu apelo original foi a ideia de criar uma mentalidade de agradecimento e afeição, ou outra maneira de tentar ajudar a sociedade a encontrar a simplicidade na complexidade.
Mais que qualquer outra coisa, é importante notar que para o mundo do design que valoriza histórias individuais e verdadeiras, seguir “tendências” antigas pode ter menos importância.
*As informações são do Digital Arts Online.
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