Quinta-feira, 11 de agosto de 2016
Durante o Expo Fórum de Marketing Digital 2016, aconteceu o painel: “Como os movimentos de mulheres está impactando as estratégias de marketing das empresas”. Mediado por Nana Lima, que é gerente de projetos da Think Olga e Co-founder do núcleo de inteligência feminina, EVA, o painel discutiu como a publicidade está se adaptando ao empoderamento da mulher na sociedade brasileira.
“O empoderamento feminino faz parte de toda a comunicação das marcas agora. Ocupar espaços não é tirá-los dos homens, mas ao observarmos as formas de expressão do empoderamento feminino, revelamos um mundo rico e novo”, disse Nana na abertura do Painel.
Muitas marcas já tiraram campanhas do ar e repensaram suas comunicações, o que tem demonstrado uma preocupação das empresas em observar com mais atenção as campanhas publicitárias que envolvem mulheres. Apesar disso, ainda existe um grande desafio no mercado que é compor equipes baseadas nesse modelo de diversidade de gênero e também de raça e classe social.
“As agências de publicidade ainda são compostas, em sua maioria por homens, brancos, de classe alta. É um ambiente complexo onde poucas conversas circulam, e onde as campanhas têm sempre os mesmos temas“, disse Maria Guimarães, Founder da 65, um grupo criativo cujo objetivo é aumentar o awareness sobre o feminismo.
Para ela, o ano de 2015 foi marcado pelo movimento educacional do feminismo, à procura de espaço dentro de empresas e agências de publicidade. “Todo mundo queria entender porque não podiam falar isso ou aquilo. As pessoas começam a trabalhar os neurônios e a entender o assunto de outras formas. Começou o debate, mas ainda está tímido para alcançar resultados realmente criativos e profundos“, disse Maria Guimarães.
Outra mídia que tem influenciado bastante a discussão do feminismo na atualidade é o Youtube. Segundo Maia Mau, Head of Marketing do YouTube, uma a cada quatro pessoas que estão construindo conteúdo sobre games na plataforma são mulheres.
“Antes, no Youtube havia um foco em tutoriais de beleza, agora existem canais de mulheres falando de política, games, entre outros assuntos. A plataforma dá essa liberdade, não apenas para mulheres, mas aos negros e à comunidade LGBT“, disse Maia.
Maia afirma que a plataforma tem a preocupação de em todas as nossas campanhas pensar se elas estão abordando o assunto de forma respeitosa e inclusiva para as mulheres.“Não é um movimento, é uma meta mesmo. Uma coisa global, não apenas para nossas campanhas, mas sim para a nossa equipe interna. Porém ainda esbarramos na nossa cultura“, disse Maia.
Ricardo Sales, Consultor e Pesquisador da USP chama a atenção para que a diversidade não seja pensada em “caixinhas”. Segundo ele, pesquisas mostram que a equipe diversa é mais produtiva. “Em geral, essa equipe demora mais pra encontrar soluções, mas as soluções são mais sólidas. A demora é porque há mais debate“, disse Ricardo.
Para ele, no Brasil, a maior dificuldade é a negação do preconceito.
“Vivemos num país onde um negro é morto a cada 23 segundos, no país onde mais se mata pessoas transsexuais, por exemplo. Temos a lei, mas ela não dá conta. Ainda contratamos por meritocracia e ainda negamos a existência desses preconceitos“, afirma.
Para Nadja Pereira, Branded Content Specialist na Movile, as marcas estão se preocupando mais, mas de forma pontual.
“Existem alguns segmentos de maquiagem, por exemplo que vendem para mulher negra. Mas precisamos ocupar outros espaços. Temos que estar vendendo carro, temos que estar em tudo, porque nós consumimos tudo isso. Nada mais representativo que a propaganda faça isso também“, disse.
* Alice Wakai: formada em jornalismo pela UNESP, atuou como repórter e editora no jornal semanal “PC Notícias” na região de Bauru, como redatora no departamento de Marketing do Moip e, atualmente, trabalha no Grupo iMasters, onde atua como jornalista, colaboradora da revista e editora do portal diário.
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