Quarta-feira, 01 de junho de 2016
A universalização do acesso à internet no Brasil injetaria 152 bilhões de dólares na economia brasileira até 2020, relevou estudo “Connecting the World” da Strategy&, consultoria de estratégia da PwC. No mundo todo, o impacto no PIB seria de 6,7 trilhões de dólares. Além disso, 7% da população mundial, cerca de 500 milhões de pessoas, sairiam da condição de pobreza. Segundo o relatório, 56% da população mundial, cerca de 4 bilhões de pessoas, está desconectada. Com a inclusão digital, haveria cinco usuários de países em desenvolvimento para cada um de países desenvolvidos. Hoje, a relação é de dois para um.
A inclusão digital beneficiaria setores diversos da economia global. O mercado de telecom poderia crescer em 400 bilhões de dólares e os provedores de conteúdo, 200 bilhões de dólares em cinco anos.
“A universalização do acesso à internet no Brasil e no mundo é um dos grandes desafios a serem enfrentados, pois tirará milhões de pessoas da pobreza, dará oportunidades de crescimento a elas, além de gerar mais negócios para empresas de diversos setores”, diz Ivan de Souza, sócio da Strategy& no Brasil. “Para isso, precisamos de internet barata, de fácil acesso e com conteúdo relevante para todos.”
O estudo, desenvolvido para o Facebook, analisou 120 países por um período de dez anos e mostra como a internet mudaria com a entrada desses novos usuários. Além de mensurar o impacto na economia, o estudo sugere dez maneiras para universalizar o serviço (veja lista no final do texto). Essas dez medidas estão divididas em três áreas: conectividade, conteúdo e acesso subsidiado em pontos de venda de produtos e serviços.
Reduzir o custo do acesso à internet é a primeira medida para a universalização dos serviços. Segundo o estudo, é preciso uma queda de 70% no preço para que a inclusão digital alcance 80% da população mundial. No Brasil, a redução no custo deve ser de 68%. É mais do que no México (60%) e Índia (66%), mas menos do que na China (81%) e Vietnã (76%).
O desafio nessa área é grande porque é necessário reduzir o preço e, ao mesmo tempo, investir no acesso para populações que vivem em áreas sem cobertura – um investimento alto. A conexão em boa parte dos países em desenvolvimento é feita em 2G, uma tecnologia defasada em 20 anos e ineficiente.
O 2G, por exemplo, que não permite alta velocidade de transmissão de dados, é uma barreira ao uso de streaming, tecnologia usada pelos fornecedores legais de música e vídeos legalizados. Na prática, a limitação tecnológica incentiva o download de conteúdo de sites piratas. A mudança para a 3G ou 4G favoreceria o streaming e reduziria a circulação de conteúdo ilegal, beneficiando a indústria como um todo.
A segunda medida é a produção de conteúdo local. Hoje, boa parte do conteúdo é produzida pelos países desenvolvidos para atender demandas de seus habitantes. Uma alternativa apontada pelo estudo é investir em conteúdo ligado à educação e aos serviços públicos.
E a terceira medida são ações inclusivas pontos de venda de produtos e serviços, como estratégias de marketing que permitam o acesso a novos usuários. Um exemplo: cyber cafés. Cerca de 53% do primeiro acesso à internet em Gana, Zâmbia e Quênia ocorreu nesses locais. E, entre os canais de acesso, cyber cafés são o segundo mais popular, com 41% dos acessos nos últimos 12 meses, atrás apenas de smartphones (71%) nesses três países. Essas ações têm potencial para tirar da exclusão virtual 500 milhões de pessoas no mundo.
Conectividade
Conteúdo
Ações inclusivas em pontos de venda
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