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Paris, capital européia das startups

Por que Paris é hoje a cidade com mais startups na Europa? Quais os efeitos trarão o maior campus de start-ups do mundo na capital Francesa ?  Quais incentivos Paris oferece ao ecossistema do empreendedorismo tecnológico?

 

* Por Karina Tavares

Pouca gente sabe que Paris é a cidade que tem mais start-ups na Europa na frente de Londres e Berlim. O financiamento de start-ups aumentou em mais de 200%  nos dois últimos semestres de 2016. Blablacar e Zenly tiveram investimentos de mais de 20 milhões de euros cada, somente em 2016. (1)

Em algumas semanas o maior campus de startups do mundo, o Station F, abrirá as portas na capital Francesa. Serão 3000 postos de trabalho,um fab lab, pop-up stores, bares, restaurantes e um auditório de 370 lugares. O mentor desse projeto é Xavier Niel, também conhecido como Steve Jobs Francês .

Conversei com Raul Maciel, consultor digital na D-sides. Para ele esse fenômeno é estimulado pelo governo que incentiva o empreendedorismo de diversas formas deixando o risco baixo para o investidor e para a startups.

Segundo Jérôme Mathis, professor de economia na prestigiosa universidade Dauphine e membro da Paris Business Angels: “Na França um business angel tem incentivo fiscal para investir em start-ups . Graças a essa desfiscalização, as expectativas desses investidores nem sempre são tao altas e isso contribui a constância das start-ups. Do lado do empreendedor, a França mantém o seguro desemprego que pode durar até dois anos como apoio para se criar uma empresa.”

Ele explica que antes desse cenário favorável ao empreendedorismo, era muito difícil obter investimento nos bancos, pois, esses não estavam habituados com projetos de tecnologia, não entendiam e não ajudavam. Então, os franceses acabavam indo aos EUA onde o sistema bancário é menos importante.

De um ponto de vista sociológico, Paris é a cidade da Europa que possui equilíbrio entre o sul e o norte do continente. Isso fortalece a aceitação da cultura plural e estimula o ecossistema de inovação. Recentemente; o governo criou o programa “French Tech Diversité”que facilita o nascimento de startups nos bairros mais pobres da região parisiense. No dia 2 de março foi realizada a primeira edição da StartUpper Academy, outro projeto que estimula o empreendedorismo nas periferias.

 

Incubadoras, catalizadoras de inovação

O economista austríaco Joseph A. Schumpeter dizia que os empreendedores não vivem isolados, eles andam em trupes criando um ambiente favorável e essa energia, sem dúvida, traz grandes mudanças e inovações. E como consequência um beneficio geral para essa comunidade por conta desses esforços combinados.

Uma incubadora tem o papel de contribuir com as empresas que desejam “pescar” soluções inovadoras. E acabam ajudando as startups que, raramente, tem acesso aos mentores, investidores e empresas.

Foi na Silicon Valley que a primeira encubadora surgiu, o Y Combinator e, em 2005, na sua primeira temporada de promoções de startups acelerou o Airbnb e Dropbox. Essa nova forma de acompanhamento de startups “made in Califórnia” espalhou-se pelo planeta.

Num mundo repleto de incertezas, as incubadoras buscam soluções num ambiente que utiliza essas incertezas para inovar. Em projetos como Datacity ou Smartcity é impossível saber o que será construído ou qual será o resultado. Uma empresa que esta pronta a trabalhar com projetos disruptivos de inovação deve aceitar esse dilema .

 

* Karina Tavares é publicitária com pós-graduação em Relações Públicas na USP e mestrado em Sociologia das Sociedades Contemporâneas na Sorbonne. Karina trabalhou em agências, empresas multinacionais e startups. Nasceu em São Paulo, morou nos EUA e hoje mora em Paris e atua como gerente de negócios na NUMA, a mais importante incubadora Francesa. 

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