Segunda-feira, 15 de setembro de 2014
A A.T. Kearney divulga hoje seu estudo Global Services Location Index™ (GSLI), que analisa e classifica 51 principais países, baseando-se nas pontuações obtidas em três categorias: atratividade financeira, ambiente de negócios, assim como capacitação e disponibilidade de profissionais. O índice GSLI confere rigor às decisões que as empresas tomam sobre localização, no mercado globalizado de mão de obra de serviços, em particular para as funções de back-office, como offshoring de TI e processos de negócios.
O estudo examina o movimento de terceirizar custos em países em desenvolvimento com baixos custos, a ascensão de novos lugares e a possibilidade de espaço para crescimento. “O progresso ininterrupto da tecnologia continua transformando, de forma imprevista e fundamentalmente diferenciada, não apenas para onde o trabalho está se dirigindo como também a maneira como é executado”, observou Paul Laudicina, presidente emérito do conselho da A.T. Kearney e coautor do estudo.
Os principais resultados do estudo são:
Na classificação de 2014 do GSLI, a Índia, a China e a Malásia permanecem sendo os três principais destinos de offshoring. A Ásia continua dominando, com seis países entre os dez primeiros (vide tabela abaixo). A Europa Central oferece uma indústria madura e profissionais altamente capacitados, com mais ou menos 50% do custo da Europa Ocidental, sendo que esta vantagem de custos ainda aumenta mais no Sudeste da Europa. A vantagem, porém, deve ser pesada em relação à sua indústria mais imatura e a seu ambiente de regulamentações. O Oriente Médio e o Norte da África se beneficiam de sua proximidade com a Europa e de um grande contingente de talentos. Por outro lado, a América do Norte continua oferecendo oportunidades atraentes, fora de suas principais áreas metropolitanas.
O Brasil está entre os 10 maiores destinos (8º lugar, subindo quatro posições desde o último levantamento) para esse tipo de investimento, nacional e internacional. O mercado de software e integração de sistemas no país mostra um ambiente de negócios favorável. “As habilidades de pessoas e disponibilidade apontam para uma indústria cada vez mais experiente, que pode servir empresas globais; várias cidades são candidatas para considerar prestação de serviços globais: além de São Paulo e Rio de Janeiro, cidades como Campinas, Curitiba e Porto Alegre mostram-se como potenciais destinos pelos talentos qualificados nessas regiões”, diz Pietro Gandolfi, diretor do escritório brasileiro da A.T. Kearney.
Correção de curso: uma tendência contrária traz de volta o trabalho para casa
De acordo com o GSLI de 2014, depois da agressiva terceirização das operações de back-office,ocorrida em meados da década de 2000, as multinacionais estão agora reavaliando suas estratégias. A pesquisa identificou a existência de uma correção de curso: a repatriação de algumas funções, visando utilizar os próprios centros de serviços e funcionários das empresas (centros cativos). Isso se mostra particularmente verdadeiro no caso de TI, cuja importância estratégica aumentou consideravelmente, na última década, com o avanço da digitalização.
Segundo Erik Peterson, coautor do estudo e diretor executivo do think-tank do conselho GBPC (Global Business Policy Council) da A.T. Kearney: “O que antes era uma decisão baseada principalmente na relação entre custo e benefício, hoje começa a incorporar outras considerações, como determinar se a função é fundamental para a empresa. Precisa, portanto, um olhar para dentro dela, assim como fatores ditados por regulamentações dos outros países que impactam as relações de negócios, a responsabilização e a capacidade de proteger a propriedade intelectual e a privacidade dos clientes”.
Será que nenhum lugar será o próximo lugar?
O índice também aponta para um futuro com “nenhum lugar”, à medida que uma maior automação e prestadores independentes de serviços terceirizados reduzem a importância da localização física. “Nas últimas décadas, passamos de um mundo onde as organizações se concentravam em um só lugar, para um onde agora possuem dezenas. No futuro, porém, à medida que a instalação rápida e fácil passa a viabilizar a automação de novas categorias de funções, deveremos nos transformar em um mundo de ‘nenhum lugar’”, pondera Peterson.
Johan Gott, coautor e gerente sênior do GBPC, acrescenta: “Com a ascensão desta tendência de ‘nenhum lugar’, os países do nicho de baixo valor agregado podem acabar vendo suas oportunidades se esvanecerem. Sendo assim, precisam ter uma estratégia que lhes possibilite subir agressivamente na cadeia de valor, com a finalidade de permanecerem relevantes.”
País | Ranking2014 | Mudança |
Índia | 1 | 0 |
China | 2 | 0 |
Malásia | 3 | 0 |
México | 4 | +2 |
Indonésia | 5 | 0 |
Tailândia | 6 | +1 |
Filipinas | 7 | +2 |
Brasil | 8 | +4 |
Bulgária | 9 | +8 |
Egito | 10 | -6 |
Polônia | 11 | +13 |
Vietnã | 12 | -4 |
Chile | 13 | -3 |
Estados Unidos (tier 2) |
14 | +4 |
Lituânia | 15 | -1 |
Sri Lanca | 16 | +5 |
Alemanhã (tier 2) | 17 | +5 |
România | 18 | +7 |
Emirados Árabes Unidos | 19 | -4 |
Jordânia | 20 | +2 |
Rússia | 21 | -1 |
Estônia | 22 | -11 |
Letônia | 23 | -10 |
Costa Rica | 24 | -5 |
Paquistão | 25 | +3 |
Bangladesh | 26 | N/A |
Publicado regularmente desde 2004, o índice GSLI ajuda os executivos das empresas a tomarem decisões importantes sobre a localização de seus projetos de desenvolvimento industrial e de offshoring, com o objetivo de servir como orientação. Os 51 países do índice são selecionados com base em informações corporativas, atuais atividades de serviços prestados à distância e iniciativas de governos que promovem o setor. Todos os países são avaliados segundo 39 critérios que visam medir sua atratividade financeira, a capacitação e a disponibilidade de seus profissionais, assim como seus ambientes de negócios.
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