(*) Por Dani Schermann
Ainda precisaremos de muito tempo para entender todos os impactos que a pandemia do novo coronavírus vai trazer para a sociedade, seja em termos políticos, econômicos ou sociais.
Mas uma coisa que já podemos ir medindo e avaliando é o impacto que o isolamento tem no comportamento de compra e consumo das pessoas. Para ajudar empresas a tomar decisões neste momento tão difícil, o Opinion Box vem fazendo uma série de pesquisas com os consumidores para entender como eles estão se adaptando a essa nova realidade.
Ao adotar o isolamento como medida de prevenção à pandemia, as pessoas tiveram que dispensar do serviço diversos prestadores de serviço, como empregadas domésticas, diaristas, babás, eletricistas, jardineiros, manicures, barbeiros etc.
Nós sabemos que há uma parcela significativa da população que trabalha como prestador destes tipos de serviço. Por isso, entender o que está acontecendo com eles ajuda a entender um pouco os impactos que já estão acontecendo na economia.
A pesquisa avaliou 10 tipos de prestadores de serviço: empregadas domésticas, diaristas/faxineiras, babás, cuidadores(as) de idosos, manicure, cabeleireiro/barbeiro, serviços de manutenção (jardineiro, eletricista, pedreiro etc), personal trainer, professor(a) particular e terapeuta/psicólogo.
Destes, manicure e faxineiras/diaristas foram os que tiveram maior cancelamento: 88% cancelaram os serviços de manicure e 85% dispensaram temporariamente suas diaristas/faxineiras.
Os serviços menos impactados foram os de cuidadores(as) de idosos e os de terapeuta/psicólogo. 6 em cada 10 suspenderam o serviço de cuidadores(as) de idosos e 72% cancelaram suas terapias.
O trabalho de cuidador é essencial para muitas famílias, que não têm condições de amparar o idoso sozinho – e por isso neste caso o cancelamento é menor. Já as terapias podem ser continuadas de forma online. Ainda assim, são números altos de cancelamento e mostram o impacto enorme na vida desses profissionais.
Quando fizemos a primeira edição da pesquisa, no fim de março (entre os dias 25 e 27 de março), muitas pessoas demonstraram preocupação com os prestadores de serviço. Um exemplo disso é que 60% dos entrevistados afirmaram que iam continuar pagando suas diaristas mesmo sem usufruir do serviço – metade estava pagando o valor integral e a outra metade combinou um valor para este período. 40% iriam parar de pagar até o fim da crise.
Na segunda edição da pesquisa, apenas uma semana depois (entre os dias 1 e 3 de abril), o número de pessoas que parou de pagar as diaristas aumentou para 58%.
Da mesma forma, na primeira edição, 65% haviam parado de pagar os serviços de manutenção, como pedreiro, eletricista ou jardineiro. Já na segunda, aumentou para 78% os que deixaram de pagá-los.
Seja em maior ou menor escala, em uma semana, em todos os serviços houve aumento do percentual de pessoas que deixaram de pagar seus prestadores.
Isso mostra que as pessoas já estão tendo diminuição de renda ou já estão preocupadas com o impacto financeiro que o período de isolamento pode ter em suas vidas.
A pesquisa sobre o novo coronavírus e os impactos no comportamento do consumidor brasileiro está acompanhando diversos dados para entender as mudanças em categorias de produtos e serviços, os hábitos que foram abandonados e aqueles que foram adquiridos, os medos e receios em relação à vida pessoal e muitos outros temas.
A coleta dos dados está sendo feita semanalmente e um novo relatório é divulgado sempre às terças-feiras. Para acompanhar todas as edições da pesquisa, basta baixar os relatórios gratuitamente.
Além disso, eu trarei aqui sempre análises e visões que os dados nos mostram.
* Dani Schermann é Head de Marketing do Opinion Box.
O Opinion Box é colaborador oficial do Digitalks Action.
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