Terça-feira, 08 de novembro de 2016
As novas tecnologias já estão afetando o dia a dia vida das pessoas e impulsionando a criação de um novo modelo de negócio. As previsões estratégicas do Gartner, instituição especializada em pesquisa e aconselhamento imparcial em tecnologia, revelam que, em 2017, o desafio das empresas será descobrir como engajar clientes e divulgar produtos e serviços utilizando algumas dessas inovações tecnológicas.
Segundo Álvaro Mello, vice-presidente de Pesquisas do Gartner, não existem fórmulas prontas, o ideal é experimentar.
“Essa discussão permite criar um roteiro de negócios. Mais do que discutir melhorias em cada cadeias e processos, nós estamos discutindo qual a nova família de produtos e serviços que podemos colocar no mercado. Isso é inovação no modelo de negócio e as empresas não podem ter receio de testar novas formas para se inserir no mercado”.
Além de afetar o modelo, as experiências e o engajamento do consumidor, as inovações digitais vão provocar efeitos secundários nas indústrias e mercados. De acordo com Mello, para a maioria das indústrias, esse efeito é mais relevante que a própria inovação em si. Ele citou um exemplo:
“Quando o presidente da Volks foi ao mercado e disse ‘Nós mesmos vamos assumir a responsabilidade de acidentes que os nossos carros autônomos se envolvam’, o que significa isso para a indústria de seguros? A automação, certamente, vai afetar o modelo de negócio dessa indústria”.
Durante o Simpósio Gartner/ITxpo 2016, que ocorreu em São Paulo de 24 a 27 de outubro, Mello revelou as dez principais tendências que vão alterar os padrões empresariais. Veja quais são:
A interação entre mundo real e online, que hoje faz sucesso em games como o Pokémon Go, será cada vez mais utilizada pelas empresas como uma forma de proporcionar novas experiências de compra para os clientes. Esse é o caso do aplicativo de compras da IKEA, que permite ao usuário verificar a disposição de um móvel ou qualquer item de decoração na sua própria sala antes de comprá-lo.
Até o final de 2017, uma em cada cinco marcas globais terá alguma experiência de realidade aumentada que complementará o processo de interação do cliente com a marca. E até 2020, 100 milhões de consumidores realizarão compras utilizando essa tecnologia.
Até 2020, 30% da navegação na internet será feita sem o uso de telas, a partir de novas tecnologias que se comunicarão com os consumidores por meio da linguagem natural da voz, como o Google Home e o Echo da Amazon. Essa tendência, conhecida como “voice-first”, vai tornar o acesso a dados online praticamente instantâneos.
De acordo com os dados do Gartner, 20% das marcas vão abandonar seus aplicativos móveis até 2019. Isso se deve ao fato da ferramenta não gerar um bom retorno sobre o investimento e não ser tão eficaz para engajar consumidores.
Além disso, com a tendência do “voice-first”, as novas aplicações de voz serão disponibilizadas em formato de browser e não precisarão ser baixadas pelos usuários, evitando assim outra reclamação comum dos clientes que usam apps.
O comportamento de mais de 1 bilhão de trabalhadores será afetado positivamente pelos algoritmos até 2020.
Isso porque, esse recurso está associado a um banco de memória coletiva, com conhecimentos e conceitos previamente testados. Os profissionais terão acesso a dados e informações em tempo real que podem otimizar o tempo e a qualidade das tarefas a serem realizadas.
O hábito dos trabalhadores também será monitorado através da inteligência artificial e um dos benefícios disso é a diminuição de custos para as empresas. Melo citou como exemplo o treinamento de pilotos de avião, que já está sendo monitorado por algumas empresas.
“Os pilotos que estão sendo monitorados conseguem ter um desempenho melhor e geram para a empresa uma diminuição de custos com a economia de combustível”, afirmou o executivo.
Até 2022, negócios baseados em blockchain valerão 10 bilhões de dólares. Esse recurso ainda está na sua fase inicial, mas, mesmo assim, já atrai investimentos em produtos e em capital. A ideia dessas transações, que estarão disponíveis para visualização pública, é desburocratizar processos e reduzir custos. Por exemplo: por meio de contratos inteligentes será mais fácil identificar itens comercializados e a idoneidade deles.
Com a transformação do mundo analógico para o digital, as “sete gigantes” – quatro empresas americanas (Google, Facebook, Apple e a Amazon) e três chinesas (Alibaba, Baidu e Tencent) – vão exercer uma influência considerável na nossa vida.
“No passado, quem diria que o Google desenvolveria carros autônomos e que a Apple estaria presente na área da saúde com o Apple Watch?”, indaga Mello.
E essa realidade tende, cada vez mais, a aumentar. Até 2021, 20% das atividades de cada indivíduo compreenderão pelo menos uma dessas sete empresas digitais.
Na era digital, as empresas precisam ser cada vez mais eficientes e inovadoras e, por isso, o trabalho da área de TI tem sido muito valorizado. Atualmente, muitas organizações utilizam o sistema Bimodal, que consiste em ter disponíveis duas equipes de TI, uma pensando na estabilidade do negócio e outra focada na rapidez e experimentação.
Ao longo de 2019, para cada dólar gasto na fase de idealização de um projeto inovador, as organizações terão que desembolsar em torno de 7 dólares para concluir a implementação da solução.
Em 2020, a cada hora, serão adquiridos um milhão de dispositivos de Internet das Coisas (IoT).
Isso não representará um grande impacto no aumento da demanda de data centers; segundo as previsões do Gartner, esse número será menor que 3%. Em relação à questão da infraestrutura e armazenamento dessas informações, a IoT será capaz de ampliar e fornecer visões de negócios relevantes baseadas em dados e irá continuar administrável.
A IoT também vai reduzir os custos de manutenção dos negócios e bens de consumo, gerando uma economia de 1 trilhão de dólares até 2020.
Este é o caso da BHP Billiton, empresa que está operando uma mina autônoma na Austrália. Por meio das informações contidas nos dispositivos móveis, a organização tem como identificar o período adequado que cada equipamento precisará passar por manutenção.
O monitoramento da saúde dos funcionários, através de tecnologias como os “wearables” ou “tecnologias vestíveis”, também pode trazer vantagens. Esses aparelhos são pulseiras ou relógios que podem armazenar o histórico médico dos colaboradores. Tal funcionalidade pode contribuir para reduzir custos nos contratos com os planos de saúde e seguros, além de auxiliar em um atendimento de primeiros socorros no local de trabalho, por exemplo.
Até 2020, 40% dos funcionários também poderão cortar seus custos com saúde utilizando esses dispositivos.
“As empresas precisam observar a ação dessas tecnologias disruptivas, reconhecer essas eventuais inovações incrementais e enxergar as oportunidades e os efeitos que elas podem causar para a sua indústria nessas inovações. E preparar respostas.”
* Bianca Borges é jornalista pela Universidade Anhembi Morumbi, trabalhou na Investe São Paulo com assessoria de imprensa e, hoje, atua na equipe de Conteúdo do Digitalks.
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