As medidas e recomendações de autoridades para as pessoas ficarem em casa afeta diretamente o mercado de aplicativos (apps). Alguns dos segmentos reforçaram os investimentos, com o intuito de atingir esse público isolado, outros cortaram as aplicações em publicidade por seus setores estarem impedidos de trabalhar ou por já experimentarem um aumento de demanda orgânico.
Para identificar como está o setor de marketing mobile e os apps, o Digitalks entrevistou Marcus Imaizumi, head de operações da Applift no Brasil e na América Latina. A empresa realizou um estudo global no mês de março que demonstrou o comportamento dos consumidores de aplicativos na quarentena.
[Marcus Imaizumi] Em linhas gerais, o momento de reclusão domiciliar acaba gerando um aumento do tráfego e uso das plataformas digitais desktop, Smart TVs e principalmente as plataformas mobile (mobile sites e apps), pois as pessoas passam a usar essas plataformas intensivamente como acesso a entretenimento, comunicação, informação, aquisição de produtos e serviços. Esse acaba sendo um momento estratégico para os gerentes de marketing mobile pois dependendo do setor em que atuam, a usabilidade de seus canais mobile aumentam de forma orgânica (as pessoas passam a procurar por conteúdos específicos proativamente).
Para algumas marcas, esse movimento orgânico pode significar um momento de redução de custos de promoção, pois os usuários estão acessando o conteúdo organicamente sem a necessidade de um esforço promocional. Para outras marcas, o momento é ideal para iniciar ou intensificar seus investimentos em mídia para se destacar ainda mais frente aos concorrentes e gerar um ganho de market share.
Entretanto, esse momento significa também a paralisação de diversos setores da economia que também dependiam das plataformas mobile para desenvolver suas atividades e consequentemente a queda no volume de acesso dos usuários a esses canais.
[MI] Nota-se que grande parte das marcas que aumentaram investimentos no marketing mobile são dos segmentos de entretenimento (games, streaming de filmes e séries, por ex), finanças (bancos digitais, empréstimos, etc), entrega de comida, e-commerce (supermercados, farmácias, vestuário, eletrônicos, etc), Educação (cursos online).
[MI] Categorias ligadas diretamente a viagens e turismo, esportes, eventos e transporte.
[MI] As reduções acontecem na maioria até o momento por causa da queda do volume de negócios natural causada pela quarentena, por ex, apps de viagens, hotéis, reservas de restaurantes, eventos e aluguel de carro. Entretanto, mesmo em categorias que tiveram um crescimento de demanda, alguns players acabaram diminuindo ou até mesmo cessando os investimentos pois o aumento do tráfego orgânico já gera um crescimento de negócios relevante.
Os aumentos geralmente ocorreram com players de categorias de muita procura e ao mesmo tempo muito competitiva, como é o caso de games (entretenimento em geral), educação (cursos online), dating e ecommerce. Os players desses segmentos aproveitam o aumento de demanda generalizado para intensificar a promoção e ganhar market share.
[MI] Há um consenso na indústria de que apesar desses aumentos (e diminuições) de investimento em certas categorias de negócios num primeiro momento, essa tendência pode se modificar dependendo da expectativa do tempo que esse período de quarentena irá perdurar. Como essa crise é global e atinge todos setores da cadeia produtiva da economia, não é difícil acreditar que cada vez mais todos os setores sintam o impacto da retração econômica e passem a ser mais cautelosos com os investimentos. Acreditamos que no curto prazo, esse momento possa beneficiar alguns setores mas no longo prazo a tendência é que haja uma retração e posicionamento de cautela por parte de todos.
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