O Brasil está começando a se preparar para uma crise causada pelo Coronavírus. Sem dúvida, o pior ainda está por vir. Por mais que o governo e as pessoas estejam fazendo a sua parte, estamos diante de um inimigo invisível e, por hora, ainda estamos tentando entender os caminhos que vamos tomar. Para alguns, 2020 acabou, essa, sinceramente, não é a minha visão! Eu prefiro ser mais otimista.
Toda a crise tem 2 momentos: preocupados com o futuro e retraindo, ou aqueles que estão enxergando isso como uma oportunidade de crescer no mercado. Muitas empresas estão apostando suas fichas nas suas operações digitais. Você, que nunca quis entrar nesse mercado, deve estar com uma dor de cabeça enorme porque postergou tanto a realidade do e-commerce, não? O que podemos aprender nessa crise é que muito do discurso de “estamos entendendo que o mundo mudou..” precisa parar de ser debate e ser ação efetiva! Sim, o mundo mudou e vai mudar mais ainda, portanto, está na hora das empresas entenderem como a tecnologia afeta e ajuda nisso.
Ainda hoje, existem gestores que são contra o trabalho remoto ou a reunião por Hangout, mas vai aprender que isso ajuda na produção das empresas mais do que o funcionário diariamente na sala, sendo vigiado pelo chefe.
Isso é fato! O Coronavírus está, nesse momento, por cima, ele é quem está ditando as regras, é um inimigo invisível, mas ele será combatido. Há milhares de pessoas, altamente capacitadas no mundo inteiro contra esse vírus. Ele não terá vida longa. Acredito muito que em breve, os medicamentos testados darão resultados excepcionais e não chegaremos ao pico da crise como órgão estão prevendo, não que eles estejam errados, apenas a minha fé de que isso vai ocorrer é o que me faz pensar assim.
Mas uma coisa é fato, e isso aprendi com o empresário Geraldo Rufino, que foi meu cliente por algum tempo: “nas crises, o dinheiro não some, ele apenas muda de mãos” e isso não deixa de ser uma grande verdade. As pessoas precisam consumir. Seja conteúdo, cursos, vídeos, ou mesmo as necessidades básicas da vida, como comida e água, por mais que estejam enfiadas em casa, as pessoas estão trabalhando o máximo e como podem. O desemprego virá, isso é um triste fato, mas a economia não vai parar. Aliás se as empresas fizerem a sua parte, até o desemprego pode ser menor do que esperado.
Nesse momento, estamos todos, sem dados anteriores – por ser uma crise totalmente nova e só no começo – para sair da previsão e ter a certeza. O que todos esperamos é que a tragédia que está ocorrendo na Itália seja um alarme para o mundo. Minha total solidariedade ao magnífico povo italiano!
Sempre falo isso em minhas aulas: “se o seu primeiro planejamento for aprovado, o cliente não tem a menor ideia do que ele realmente quer”. E não se culpe, é normal. Pensando dessa forma é que o meu recado para as empresas é: use esse período para repensar em tudo! E o tudo não se resume apenas ao lucro, mas sim, a todo o ecossistema da sua empresa, dos funcionários aos prestadores de serviço, dos investimentos as experiências que a sua marca está proporcionando aos clientes dela. Esse é o momento, entre outras prioridades, de planejar, afinal, estamos no 1o trimestre de 2020, o Brasil pode não crescer o que Paulo Guedes projetou no começo do ano, mas também não vai parar.
Empresas que se planejam entram e saem mais fortes das crises. Não esqueça disso, nas recentes crises, as empresas mais fortes foram as que saíram mais rápido da crise, aliás, algumas nem sentiram os efeitos. Prefiro não citar nomes, mas em 2016, no auge da crise, um cliente que eu atendia teve um crescimento considerável frente a um mercado altamente retraído.
Não tenho dúvidas que você, em 2019, fez um planejamento para 2020. Se não fez, está aqui a oportunidade que a crise lhe deu. Se fez, faça uma revisão de alguns pontos, não apenas nos investimentos em mídia, ou na promoção do Dia das Mães, esse não é o momento de pensar com a velha miopia de que marketing é mídia. Não! Marketing é um ecossistema, onde a mídia é um ponto, não único.
Eu indico começar por pesquisas com públicos da empresa. O interno e o externo. A ideia é entender, do interno, o que ele está vendo para a empresa nos próximos meses e ouvir as suas ideias. Sempre saem boas ideias quando se ouve as pessoas. Do externo, entenda o que eles esperam da marca para os próximos meses. Desses 2 pontos, virão muita coisa interessante.
Depois, reveja seu posicionamento de marca nos canais. Por exemplo, qual o arquétipo e brand persona está sendo usado nas Redes Sociais? Está coerente com o que a marca promete? Você promete um tom acolhedor, mas não responde a uma única questão nas redes. Cadê a coerência? Se você ainda não tem essa Brand Persona, olha que momento ótimo para sentar, pesquisar e desenvolver, não? Se você avalia que isso não é prioridade, bem, aconselho você começar a entender que o mundo não mudou apenas fora da empresa, ele precisa mudar dentro também. E a visão dos gestores é o local onde mais precisa ser mudado.
Por fim, repensar toda a linha de comunicação. Analisar aqueles dados que a agência passou e você nunca tem tempo de olhar. De forma remota, fazer reunião de alinhamento com toda equipe e fornecedores para pensar com calma como será 2020. Fica aqui a dica, já que nada podemos fazer contra esse maldito vírus, então que usamos esse tempo para repensarmos o que estamos fazendo com as nossas marcas. Há mais tempo para isso! Use-o!
(*) Felipe Morais, sócio da FM Consultoria
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