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Desconstruindo para [re]construir

(*) Por Sandro Botelho

Como um profissional de marketing, observo o mercado, suas movimentações, decisões e em qual rumo seguir e vejo que existem muitas perguntas sem resposta. Então o que se deve fazer neste momento em que é tudo desconhecido? Minha resposta é simples: estar preparado.

 

Eu gostaria de sugerir uma reflexão, não só como participante disso tudo, mas também como alguém que prepara as pessoas para serem transformadas em um ambiente um tanto quanto diferente e desconhecido: a Selva.

 

Em minha experiência com treinamento de sobrevivência na selva, observo as reações e os comportamentos daqueles que decidem se aventurar comigo no meio do mato, sem mantimentos ou conforto. E a conduta deste audacioso público traz muito de aprendizado para a vida pessoal, profissional e, por que não, corporativa.

 

Quando os participantes dos cursos de sobrevivência na selva chegam ao ponto de encontro, estão com a mochila cheia, com itens que acham essenciais para alguns dias na floresta. Dormem em um abrigo coberto, comem bem. No dia seguinte, todos os bens e a mochila são confiscados e eles começam a aventura somente com a roupa do corpo e uma faca. E força de vontade!

 

Durante este dia, tudo ok. Ainda estão com a lembrança de uma noite bem dormida, refeições satisfatórias. A ansiedade pela jornada que está começando é uma ferramenta propulsora para que as experiências e compartilhamentos sejam positivos. A caminhada até a área de treinamento é úmida e tropeça, com rios e obstáculos para transpor que já eliminaria alguns dos menos corajosos.

 

Então chega a hora de dormir. Molhados. Sem cama. Sem cobertor. Sem travesseiro. Sem banho. Ao final deste dia, cerca de 30% dos participantes desiste. as razões são quase sempre as mesmas: o frio e as privações. Mesmo assim, devem construir seu abrigo no ambiente rústico, com meios de fortuna, e buscar alimentos.

 

No período seguinte, as pessoas que iniciaram bem a empreitada já começam a sentir falta de tudo o que consideram essencial e não têm mais acesso. Continuam com as roupas molhadas e com frio. Alguns momentos de tensão entre o grupo começam a ocorrer por causa de alimento ou da distribuição dos afazeres. Tarefas, aulas e ensinamentos são parte das atividades do dia. Algumas delas dentro do rio. Então chega mais uma noite e o momento de dormir nas mais básicas condições, novamente no frio e então a fome começa a crescer. Dessa maneira, sem conseguir se secar e se proteger do frio, partem para o quarto dia.

 

Os participantes amanhecem para mais uma jornada. Querem ir embora, mas não podem. A natureza começa a drenar as energias dos guerreiros. Alguns momentos de revolta acontecem, mais alguns desentendimentos, mas a partir deste período o grupo começa a entender que a união é a maior ferramenta de sobrevivência. Chega a hora em que o desejo de que tudo acabe logo é grande, mas a determinação é ainda maior. Ainda falta um tempo e o final é o principal estímulo. A cada minuto que passa, eles ficam mais perto da glória.

 

No 5º dia os participantes começam cansados e amuados, cada um no seu canto e com as roupas ainda úmidas. Mas então percebem que se fizerem coisas juntos podem melhorar a situação desagradável em que se encontram e percebem que a união será mais vantajosa.

 

Seis dias se passaram desde que os intrépidos aventureiros chegaram ao local do treinamento. A união é fortalecida pela proximidade do final, o abrigo está fortalecido, já temos grito de guerra, o grupo está coeso, decidem juntos o que vão comer, o que será conversado, atividades que realizarão. Percebem que a união faz realmente a diferença e as necessidades foram revistas. O que eles querem agora é o que realmente faz sentido.

 

Chega então a hora de finalizar a jornada: o 7º dia. Agora, a energia é vibrante, como se a aventura tivesse começado de novo. Embora estejam cansados e com alguns quilos a menos, suas vidas passaram por uma ressignificação. Ao final do curso, os participantes já pensam diferente sobre o que é essencial, o que é imprescindível, trocam luxos por simplicidades, e se a mochila inicial precisasse ser preenchida novamente para esta aventura certamente teria muito menos itens.

 

A vida dessas pessoas foi completamente transformada!

 

Conto essa história para fazer uma comparação com o momento de isolamento social em que vivemos. Quando a necessidade de confinamento começou, muitos de nós encheram a vida e os armários de itens que pensávamos ser muito imprescindíveis e que, na verdade, não eram tão essenciais assim. Nos angustiamos ao pensar não poder ir ao cinema ou ao shopping. Franzimos a testa pensando em quando tempo não poderíamos caminhar no parque.

 

Depois nos irritamos, nos isolamos ainda mais, ficamos frustrados, muitos passaram por momentos de tristeza e desespero, já que não sabiam – assim como ainda não sabemos – o que vai acontecer depois que a pandemia passar.

 

Mas o tempo passa. Abrimos o armário da cozinha e vemos que aquele monte de itens “essenciais” não é realmente importante. Talvez uma nova compra com alimentos mais saudáveis, a escolha de filmes para ver em casa, se exercitar com o que tem em mãos…

 

A pandemia do coronavírus tirou muitos recursos que tínhamos e também muito do que é inútil. Com isso, faz repensar nossas necessidades em diversos aspectos.

 

Tanto na selva quanto na quarentena precisamos desconstruir para reconstruir.

 

E se é assim em nossas vidas, também nas empresas. Muitas estão desconstruindo práticas e culturas que não são mais úteis para construir algo novo e empolgante. Essas companhias estão renunciando a muitas coisas e partindo para territórios desconhecidos. Se não estiverem preparadas, pesquisando e implementando novas estruturas, vão perder tempo e dinheiro com recursos que talvez não precisem. Tudo está ligado à observação do

momento e da capacidade de se reinventar.

 

Como estão suas reflexões e atitudes nesse momento? Mais do que nunca, é hora de desconstruir para reconstruir.



(*) Sandro Botelho é Gerente de Marketing de Clinical Solutions da Elsevier

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