Terça-feira, 08 de dezembro de 2020
Apenas 1,4% dos empregos nas indústrias criativas e de tecnologia são ocupados por negros. É uma realidade injusta. Mas como podemos contribuir para a criação de uma indústria criativa com mais diversidade? Foi tema de um dos painéis do Web Summit.
A CEO da MOBO, Kanya King, a cantora e compositora Emeli Sandé, a diretora-geral da Accenture Nnenna Ilomechina e a empresária Natasha Chetiyawardana discutiram a diversidade e a nova plataforma da MOBO – Mobolise – com o objetivo de criar uma indústria criativa mais justa e representativa.
“Definitivamente, sinto que precisamos de mais representatividade nas funções executivas. Ainda é completamente desproporcional – ainda mais agora que temos tanta música negra nas paradas. Eu posso contar com uma mão quantos executivos [negros] eu conheço. Nas gravadoras, existem pessoas negras trabalhando, mas chegar no chefe e sentar em um escritório e ser um homem negro, quanto mais uma mulher negra, é muito raro”, disse Sandé.
A MOBO e a Accenture se reuniram no Web Summit para lançar a Mobolise, uma plataforma que conecta talentos negros com as melhores oportunidades de carreira e organizações com visão de futuro.
“Acho que a única coisa que realmente me empolga neste projeto é a mudança da psicologia. Porque acho que ficamos presos neste quadro mental de que tudo deve ser uma luta; torna-se normal que tudo seja uma batalha. Esquecemos que isso realmente não é como deve ser”, disse Sandé. “Você meio que se acostuma com essa resistência o tempo todo e ter que ficar sozinho – você contra o mundo. Isso ajuda você a seguir em frente, mas é um obstáculo. Você sabe, sempre nos deixará em desvantagem, em comparação para alguém que não precisa enfrentar essa resistência o tempo todo.”
Nnenna Ilomechina, diretora administrativa da Accenture Strategy, reconheceu a importância de uma rede forte para a construção da diversidade.
“À medida que avancei na minha carreira, especialmente em tecnologia e serviços profissionais, uma das coisas que percebi é que a sua rede é a coisa mais poderosa, que lhe dá as experiências que lhe permitem desenvolver e crescer. Tive a sorte na minha carreira ter algumas pessoas que estavam na minha rede, que foram capazes de fornecer algumas daquelas experiências que quebraram as barreiras que o preconceito inconsciente às vezes pode colocar no seu caminho. É por isso que acho algo assim tão importante.”
A discussão sobre diversidade e representatividade em cargos de liderança foi assunto também aqui no Digitalks. Em novembro, Mês da Consciência Negra, reunimos profissionais negros em um painel especial para conversar sobre soluções, desafios e polêmicas na busca por equidade.
O bate-papo foi muito enriquecedor e contou com a presença do público, principalmente, quando destacou personalidades negras que podem ser referência para os mais jovens que sonham em conquistar espaço no mercado.
Maria Carvalhal é publicitária formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Apaixonada por estratégias e pessoas, Maria é aficionada por construir relacionamentos mais duradouros e humanos entre pessoas e marcas. Há mais de 13 anos atua em marketing, eventos e parcerias de negócios. Acredita que entender os anseios de consumidores e associá-las às oportunidades de mercados é a chave para estratégias de sucesso. Atualmente é diretora de Operações no Digitalks, empresa com foco no desenvolvimento do mercado digital e geração de negócios.
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