Terça-feira, 05 de julho de 2022
Quando comecei minha carreira em tecnologia, eu era responsável pelo desenvolvimento de novos produtos para uma empresa de Telecomunicações que, depois de alguns anos, acabei virando sócio-diretor. Foi um dos momentos mais mágicos e transformadores da minha vida. Criar um produto novo para a empresa, diferenciando-se do concorrente e, muitas vezes, saindo na frente e observando o resultado gerando lucro e crescimento. Isto era algo que despertava em mim um nível de motivação que não existem palavras que conseguiria descrever.
Viemos para este mundo para evoluirmos. Evolução faz parte de nossa natureza e com a evolução temos a inovação e, quando tudo isto se junta, o sucesso vem na sequência.
O significado da palavra inovação define que é tudo aquilo que é novo, novidade, modificando antigos costumes, manias, processos, legislações etc. Ou seja, algo totalmente novo, jamais feito antes.
Mas hoje, qualquer coisa feita um pouco diferente do que era feito já está sendo denominado como Inovação. Dependendo do ponto de vista, não está incorreto pensar assim, mas no coração do que realmente é inovação, temos que pensar que junto tem que acompanhar algo evolutivo, disruptivo, ousado e totalmente novo. Se não tiver estes 4 ingredientes, apenas faremos mais do mesmo, porém, um pouco diferente.
Com o avanço rápido da tecnologia, competitividade acirrada, produtos cada vez mais “comoditizados” e time-to-market cada vez mais curto, está mais raro encontrar empresas que realmente estão inovando no mercado e com grandes investimentos em departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).
Um estudo realizado por ADAMS e BOIKE mostra que as inovações consideradas inéditas para o mundo tiveram uma queda de 20,4% para 11,5%. Em contraponto, as melhorias e modificações em produtos existentes da empresa tiverem um crescimento de 20,4% para 36,7%. As verdadeiras iniciativas em inovação estão em falta, diante deste fato é possível entender o motivo que não vemos mais com tanta frequência aqueles produtos inéditos, que nos saltam os olhos e nos faz ficar horas na fila para ter a oportunidade de comprar um.
Na figura 1, abaixo, conseguimos entender como os novos produtos são vistos por uma empresa e como eles são vistos pelo mercado. Quando o grau de novidade para ambos está em nível mais alto, aí sim entende-se que este é realmente um produto inovador.
Na figura acima temos alguns tipos de “novos produtos”:
Linha de novos produtos: Não são novos produtos para o mercado, mas permitem que a empresa entre em um mercado ou em uma determinada categoria de produtos pela primeira vez.
Melhoria em produtos existentes: Substituição do produto existente por outro que possui um desempenho maior e/ou uma percepção de valor melhor.
Redução de custos: Produtos projetados para substituir existentes, sem afetar suas funcionalidades, porém, com um custo de produção menor, gerando assim maior competitividade nas vendas também e/ou maiores lucros.
Acréscimo na linha de produtos existentes: Não são produtos novos para o mercado, mas são novos para a empresa e permite que ela aumente seu portifólio de oferta de uma categoria já existente na organização.
Reposicionamento: são novas aplicações de produtos existentes em um novo segmento de mercado ou para outra atividade específica.
Produtos novos para o mundo: é o que realmente é novo. Criam um mercado totalmente novo.
Uma coisa interessante destacada no estudo de benchmarking da APQC é que um dos fatores para que uma inovação aconteça e seja bem-sucedida está também diretamente relacionado com o clima, cultura, organização e lideranças positivas. Ou seja, a liderança das organizações precisa entender que inovar é preciso e que é a chave para a prosperidade corporativa.
Uma coisa importante para ser medida no lançamento de um novo produto é o índice de atraso, que nada mais é que a defasagem entre o tempo programado para o projeto e o tempo real para o seu lançamento. Quanto mais alto o índice de atraso, maior o fracasso no lançamento de um projeto (ver figura 2).
Existe outro cenário que é não dar fôlego suficiente para a maturação de um produto lançado. Muitas empresas (principalmente as de bens de consumo) nem ao menos lançaram um produto e já estão trabalhando na “versão 2” do mesmo. Isto apenas mostra que o processo de construção e inovação não foi eficaz e não houve uma inovação de verdade, visto que se faz necessário em poucos meses lançar um produto substituto.
Assim como temos que calcular o índice de atraso, também é preciso calcular o índice de produtividade. Este índice nos mostrará em resumo o ROI (Return Of Investiment – Retorno do Investimento) aplicado em P&D versus as vendas ou lucros deste novo produto. Este é um dos índices mais importantes para medirmos a efetividade e produtividade deste lançamento. Na Figura 3, abaixo, é possível ver como calcular este índice.
As melhores empresas possuem índices de produtividade 12 vezes maiores do que as piores.
Com base nestes pequenos insights sobre o que realmente é inovação agora é possível entender e diferenciar um produto inovador de verdade e também organizar melhor o planejamento de um novo produto com a medição de índices importantes que irão auxiliar a entender o sucesso ou o fracasso de um lançamento.
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Bacharel em Sistemas de Informação com ênfase em Planejamento Estratégico pelo Mackenzie e MBA em Gestão de Tecnologia pela FIAP. Mais de 18 anos de experiência com tecnologias para internet e telecomunicações. CEO e Fundador da VitaminaWeb e Presidente da AnaMid.
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