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O que o marketing pode aprender com a Jornada do Herói

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Em um mundo povoado por histórias da Marvel e da DC não é raro nos depararmos com termos como crossover. Recordando… esta é uma técnica literária que consiste em cruzar histórias e personagens de núcleos diferentes para compor um novo contexto.

Por que, então, não estender esta técnica para combinar mais do que histórias, combinar processos criativos?
No contexto do marketing existem diversas linhas de pesquisa que exploram processos e padrões no lançamento de um produto, mas aqui proponho que o entendamos pelo prisma da Jornada do Herói.

Joseph Campbell, estudioso norte-americano de mitologia e religião comparada, ao analisar narrativas históricas, fictícias e verídicas, identificou padrões semelhantes em suas estruturas. Assim, nasceu o conceito de Jornada do Herói. O autor defende que, na maioria das vezes, o epicentro é a narrativa das peripécias de um ou mais heróis que passam por dificuldades e superações que podem ser categorizadas em 12 etapas principais, incluindo o almejado final feliz.

Agora, proponho que este padrão identificado por Campbell oriente profissionais de marketing na busca pelo lançamento de produto ideal. Veja como:

 

Fase 1: Mundo comum

É quando a consciência de um problema no dia a dia é limitada. Dentre as diversas possibilidades, levante os principais problemas e os respectivos produtos e serviços que seriam a solução para um público-alvo.
Dica: consuma relatórios setoriais para colher tendências e formatar visão macro dos mercados.

 

Fase 2: O chamado para a aventura

Maior consciência do problema e quebra do status quo. Com as opções em mãos, defina o produto e mercado em que irá atuar, para assim planejar o modelo de negócio que irá adotar e com quem irá concorrer. Bem-vindo à aventura!
Dica: entenda as especificações legais intrínsecas ao mercado escolhido. Existem erros que não podem ser justificados por falta de conhecimento.

 

Fase 3: Recusa do chamado

É a relutância à mudança. Não subestime o potencial da sua solução superestimando os desafios que deverão ser superados até o lançamento do produto. Não se esqueça que o primeiro vilão é o medo do fracasso.
Dica: desenhe diferentes cenários e planos de ação, melhor estar preparado do que ficar à mercê do improviso.

 

Fase 4: Encontro com o mentor

É quando uma figura de mestre guia o herói pelo caminho que leva à superação das suas resistências.
Busque referências já estabelecidas no mercado ou instituições de pesquisa para apoiar na dissolução de mitos e priorização dos principais problemas e oportunidades a serem atacados.
Dica: invista tempo e dedicação no planejamento, para não ter retrabalho posteriormente.

 

Fase 5: Cruzamento do limiar

É chegada a hora de se comprometer, ingressando no desafio. Produto lançado, agora é hora de ficar 120% alerta para não perder nenhuma oportunidade, problema ou informação que contribua para o melhoramento da solução e dos fluxos de negócio.
Dica: defina um responsável que fique 100% focado na análise do lançamento, pois os envolvidos diretamente estarão com suas visões temporariamente míopes.

 

Fase 6: Testes, aliados e inimigos

Momento de vivenciar a aventura. Identifique quem realmente são os agentes e fatores-chave do fluxo de negócio. Questione-se, quem é o público que realmente está consumindo o produto. Os fornecedores estão entregando nas quantidades e padrões acordados?
Dica: acompanhe os fatores externos, macro e microeconômicos, que impactam negativamente o resultado, pois estes podem ser os reais inimigos do produto.

 

Fase 7: Aproximação do objetivo

Aumenta o nível de tensão. Com o produto na prateleira, e passado o lançamento, é preciso comparar o planejado versus o realizado, evidenciando situações inesperadas que possam ter gerado desvio e falhas de processo.
Dica: para o bem da empresa, neste momento, é essencial ter total ausência de orgulho ou teimosia. Erro é erro, então “bora” achar uma solução.

 

Fase 8: Provação máxima

É o grande desafio. O lançamento do produto irá gerar uma reação nos concorrentes. Por isso, este momento será o período de maior provação do produto, enfrentando de forma direta “inimigos” já estabelecidos no mercado.
Dica: conheça seus concorrentes tão bem quanto você conhece o seu próprio produto.

 

Fase 9: Conquista e Recompensa

Reconheça as vitórias e retrocessos. Comemore os bons resultados, reconhecendo os agentes-chave do processo, mas também relembre os fracassos e suas respectivas consequências, pois toda ação, ou falta dela, gera uma reação.
Dica: feedback é uma arte, utilize-se de dados e exemplos para subsidiar as constatações. Entregue a chave da cidade para quem fez a diferença.

 

Fase 10: Trajeto de volta

Revise os passos traçados. Defina recorrência de alinhamento de roadmap, análise de rentabilidade e pesquisa com clientes. A perenidade do produto ou serviço dependerá diretamente destes fatores.
Dica: utilize ferramentas do modelo scrum, práticas de design e experiência do usuário para proporcionar maior efetividade, produtividade e controle das atividades.

 

Fase 11: Depuração

É a resolução de tramas secundárias. O estabelecimento da rotina pode ser mais desafiador que o próprio lançamento. Estabeleça processos periódicos de análise e melhoria contínua, preparando-se, assim, para as mudanças de mercado e perfil de cliente.
Dica: alinhe reuniões periódicas de apresentação de resultados entre os times estratégicos e táticos. Dessa forma, você aumenta o senso de responsabilidade e velocidade de reação.

 

Fase 12: Retorno transformado

O herói não será mais o mesmo. Formalize todos os novos processos para estimular que bons resultados se repitam e que os fracassos sejam evitados, pois, provavelmente, os atuais fluxos e o próprio mercado estarão diferentes daqueles do início da jornada.
Dica: tudo que você passou mudará o seu modo de visão e anseios. Logo, não é somente a empresa que terá que se reinventar e adequar-se à nova realidade.

 

Quem não gosta de uma história bem contada? Daquelas que nos prende ao livro ou em frente das mais variadas telas? Então, aprendamos com a Jornada do Herói para que nossos produtos e serviços não sejam coadjuvantes, mas, sim, protagonistas no mercado.

E você, como seria a sua jornada? Concorda com os passos e suas respectivas visões? Tem outro ponto de vista ou algo a acrescentar? Não hesite em deixar seu comentário sobre este crossover.

é graduado em Administração pela Universidade Mackenzie; pós-graduado em Economia, pela formação conjunta da USP com a universidade de Grenoble/FR, e recentemente pós-graduado em Marketing Management, pelo Insper. Atua como Product Ower do portfólio Cloud na Locaweb, além de coautor do desconstrutivo.com e entusiasta do desenvolvimento por meio do encontro das ciências sociais e exatas.

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