Terça-feira, 29 de maio de 2018
Quando pensamos em Business Intelligence (BI), é muito comum atrelarmos a duas frentes:
As duas práticas são de extrema importância para qualquer profissional de BI. Contudo, é uma falha pensarmos que essas são as únicas funcionalidades possíveis de uma área tão vasta.
O termo Business Intelligence, ou seja, “inteligência de negócios”, refere-se ao processo de coleta, organização, análise, compartilhamento e monitoramento de informações que oferecem suporte à gestão do negócio. Trazendo isso para o mundo de agências de comunicação, podemos concluir que, em qualquer passo do processo, do planejamento à Gestão de Relacionamento com o Cliente (CRM), o time de BI possui oportunidades de atuar e contribuir para que as decisões sejam tomadas baseadas em dados. Trazer os profissionais dessa área para o início da estratégia, no momento de briefing, é crucial para o desenrolar de todos os demais passos.
Nessa fase, o BI consegue trabalhar em conjunto com os profissionais de planejamento, contribuindo para testar hipóteses e explorar cenários. Isso é possível por meio de acesso à dados históricos dos clientes e pesquisas sobre a marca, os concorrentes, o mercado de atuação, os consumidores alvo e clusters.
Após o momento de descobertas, é importante que as definições da campanha sejam realizadas a partir do conhecimento obtido no planejamento, para que sejam desenvolvidas visando o objetivo de negócio do cliente. Sendo assim, a área de BI contribui para a definição dos Indicadores-Chave de Desempenho (KPIs), plataformas e métricas que servirão de base para o acompanhamento de resultados.
Para o setup da campanha, é importante pensar que precisaremos garantir a qualidade dos dados o tempo todo para a estruturação de reports e análises. Dessa maneira, não envolver o time de BI pode fazer com que toda a estratégia fique enviesada. Então, não podemos esquecer da padronização de nomenclaturas, tagueamento, parametrização, estipulação de metas e métricas para o acompanhamento dos objetivos definidos no plano, além de validações de todas as etapas para garantir a qualidade da informação.
As padronizações de nomenclatura, tagueamento e parametrizações, quando feitas corretamente, são capazes de permitir que os dados da campanha se agrupem e cruzem e que os aprendizados sobre a estratégia retroalimentem todo o processo, mesmo que exista uma ampla variedade de canais, públicos e mensagens. Ainda, permite a construção de dashboards e diversas formas de visualizações amigáveis dos dados de maneira muito mais otimizada. O padrão na classificação dos dados permite que o profissional de BI desenvolva aquilo que ele faz de melhor: trazer inteligência para a estratégia.
O data quality garante que os dados que estão na ponta final da visualização sejam aqueles obtidos direto das ferramentas. Após tantas modulagens e tratamentos necessários durante o processo, essa garantia se torna fundamental para a credibilidade da informação.
Então, é preciso assegurar a automação de dados, validando a qualidade e alimentando um banco que seja capaz de entregar inteligência de forma rápida e direcionar as demais áreas. Isso contribui para uma resposta mais ágil e que toda a rotina de entregas ocorra da maneira mais efetiva. Nessa fase de um projeto integrado entre Business Intelligence, Planejamento, Criação, CRM e qualquer outra frente que seja pertinente ao negócio, é fundamental termos em mente como ocorrerão as integrações de dados e qual a velocidade de tomada de decisões que precisamos prover.
Muito mais que um pilar de reports, o BI deve ser a central de inteligência do negócio, pois o acompanhamento da comunicação e performance é importante para todas as áreas envolvidas em um projeto, desde a criação até o CRM. O comportamento do consumidor está correlacionado com diversos momentos do processo de trabalho das agências e, por isso, é de suma importância que exista um acompanhamento próximo da área de BI, possibilitando correções em tempo hábil.
Para isso, precisamos trabalhar com algumas metodologias e processos bem estabelecidos, nos quais desenvolvemos frentes de análises específicas, que trarão uma otimização contínua em cada uma delas.
Para a visão do dia a dia, precisamos pensar na “Performance de campanhas”. Nela, todas as variáveis de uma campanha devem ser levadas em consideração. Para a mídia, precisamos focar em análises como “planejado versus realizado”, métricas de qualificação da entrega como brand safety e viewability, funis de conversão, detecção de anomalias através de uma baseline bem estabelecida e, é claro, a visão do retorno sobre investimento (ROI). Já quando olhamos para a criação, é necessário entender a atratividade dos criativos, assim como a continuidade da comunicação nas diversas telas e plataformas que podemos ter com o consumidor. Assim, evitamos entregar uma mensagem fragmentada e desconexa, que não faça sentido para a jornada dele.
Nesse momento, é possível analisar e comparar os criativos entre si e procurar pontos de evasão por meio da metodologia do ponto ótimo. Então, em conjunto com a criação, levantamos hipóteses e fazemos testes controlados para que as correções de rota sejam feitas da maneira mais efetiva possível.
Ainda com relação aos resultados de mídia, é possível examinar os canais, segmentações, formatos de compra e Recência, Frequência e Valor de mídia (RFV). A análise do modelo de atribuição irá reforçar e ajudar no entendimento de canais e comportamentos.
Então, devemos partir para estudos mais avançados e que envolvam mais tecnologia e conhecimento dos analistas de BI. São as análises de audiência, com as quais entendemos a performance geral da comunicação na visão dos consumidores médios – as personas que mais se envolvem com a marca. Dessa forma, teremos uma camada de dados demográficos e comportamentais que trarão a análise de BI para um mundo digital de CRM, e não mais apenas web analytics e mídia. Assim, conseguimos uma visão muito maior de resultados e vieses possíveis para explorar.
Trabalhar com uma boa segmentação de dados e boas técnicas de CRM são fundamentais nesta etapa, como distribuição de amostra, teste qui-quadrado, análise RFV, sobreposição de audiências e correlações. Essas análises devem ser uma constante para a tomada de decisões e geração de hipóteses.
Por fim, devemos explorar as bases de consumidores que a companhia já possui, trabalhando com integrações entre o universo offline e o digital, dando uma visão ainda mais holística para os stakeholders do projeto.
Com todas essas frentes atuando em conjunto, devemos ter um controle de geração de hipóteses e testes. Toda análise leva a uma suposição que deve ser testada. Em caso de comprovação, devemos implementar as mudanças sindicalizando essas hipóteses e consolidar uma fase de controle, para termos certeza de que a otimização é efetiva. Se tivermos o volume de dados necessário para essa comprovação, voltamos à fase de coleta de dados. Assim, o fluxo de uma operação integrada de BI com as diversas áreas se completa, formando um ciclo contínuo de otimização.
é analista de Business Intelligence na Reamp. Formada em Relações Públicas pela Faculdades Integradas Rio Branco, atua no mercado digital há 12 anos, participando em áreas de web designer, relacionamento com o cliente, planejamento estratégico, gerenciamento de projetos, marketing digital e está há 5 anos na área de inteligencia de mercado. Realizou projetos na USP e para clientes como: Adidas, NIVEA, TIM, Banco do Brasil, Unilever, Uber, PepsiCo e Santander.
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