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Descontinuação de produto: o estágio final não é um monstro

Muitas empresas consideram a “descontinuação” como um monstro, mas não há porque temê-la

 

Foto. Homem com camisa azul, de costas, está com a mão direita na cabeça. Olha para pontos de interrogações desenhados no fundo da imagem.

Uma história só é realmente épica quando possui um final tão retumbante quanto seu começo. Produtos e serviços também precisam contar histórias para engajar clientes. Logo, tão importante quanto o lançamento é a descontinuação de um produto ou serviço.

No Brasil estamos impregnados pelo egocentrismo ocidental, mas que tal encarar o fim como os orientais? Para os japoneses, chineses, tibetanos e indianos, guiados pela cultura budista, a morte é considerada uma oportunidade de renascimento, por isso, ao invés de preto, usa-se o branco para celebrar o luto. Nessas culturas, segue-se a vida honrando a memória e sabedoria de ancestrais.

Por aqui, pintam a “descontinuação” como um monstro, mas não há porque temê-la. O que deve ser motivo de preocupação é:

1- Ineficiência operacional causada pela manutenção de museus tecnológicos

Indiferentemente do ramo ou tamanho, a tecnologia deve ser um catalisador dos negócios e não uma âncora, uma vez que soluções antigas tendem a ser pautadas por sistemas legados com péssima usabilidade.

 

2 – Se não atender bem, não atenderá sempre

Foi-se o tempo do consumidor ser refém de empresas ou produtos. Com inúmeras opções de mobilidade para os clientes escolherem é essencial se posicionar como real parceiro e manter a oferta competitiva e atrativa.

 

3 – Quebra da visão orientada ao produto e não ao cliente

Reforce seu compromisso com o cliente e demostre que a empresa, além de madura, é mais do que apenas um produto. Interaja com o cliente propondo diferentes soluções para o mesmo problema, pois no final, a relação cliente-empresa não deve se resumir à compra e venda de um específico produto ou serviço.

 

O declínio não é uma opção, mas sim uma questão de tempo. Ainda que você acredite que não tem motivos para preocupação, honre nossa latinidade, vamos “despacito”. Fique ao menos atento a indícios – não óbvios – do esgotamento dos produtos e serviços:

  • Passar mais tempo explicando o passado do que construindo o futuro. Já se pegou em aspirais infinitas de análises históricas para diagnosticar uma queda de performance? Entender a situação é importante, desde que, gere insumos e alavancas para impulsionar ações que construam um futuro.
  • Incapacidade de gerar interesse em clientes novos. É ótimo reconhecer a efetividade de ações de marketing e vendas, mas não se iluda com bons resultados efêmeros. Por vezes, promoções apenas antecipam o momento de compra e não sustentam um novo patamar, em outras palavras, o cliente que iria comprar em fevereiro, aproveita a oferta e compra em janeiro.
  • Avanço de produto substituto. É esperado que uma necessidade possa ser atendida por diferentes produtos, mas preocupe-se quando o mercado mostrar mais interesse pelos produtos substitutos frente aos primários. Talvez, tais empresas tenham identificado uma tendência que você ainda não notou.

Se a história vem nos ensinando que até mesmo os maiores impérios tiveram seu apogeu e decadência, por que com nossos produtos e serviços seria diferente?

Lembre-se que um dos caminhos para uma vida longa e próspera para a empresa é a gestão eficiente do ciclo de vida dos produtos ou serviços dela. Então, entenda em que fase se encontra cada item do seu portfólio.

 

é graduado em Administração pela Universidade Mackenzie; pós-graduado em Economia, pela formação conjunta da USP com a universidade de Grenoble/FR, e recentemente pós-graduado em Marketing Management, pelo Insper. Atua como Product Ower do portfólio Cloud na Locaweb, além de coautor do desconstrutivo.com e entusiasta do desenvolvimento por meio do encontro das ciências sociais e exatas.

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