Sexta-feira, 24 de maio de 2019
O DES – Digital Enterprise Show, em Madrid, maior congresso de negócios digitais do mundo, finaliza a sua quarta edição de sucesso, com mais de 250 horas de conteúdo sobre temáticas que envolvem a Transformação Digital. Cerca de 26 mil pessoas, de mais de 50 países diferentes, puderam acompanhar temáticas para múltiplos tipos de perfil dentro do setor Digital. Diversos brasileiros – entre palestrantes, convidados e participantes em geral – enriqueceram o evento. Como o DES contempla diversas áreas – tais como Entretenimento, Turismo, Educação, Setor Público, dentre muitas outras – certamente não é fácil encontrar um ponto de reflexão que una todas elas, para uma grande síntese, mas é possível.
Depois de assistir a várias palestras, nesta que foi a minha primeira edição do DES-Madrid, notei uma constante: a cultura da Transformação Digital já é um grande desafio para os C-levels, porque implica novos processos de tomada de decisão. Entre tantas informações relevantes, separo aqui duas palestras e um painel de cada dia, que são interessantes para ilustrar esta observação.
No primeiro dia, a palestra do professor e consultor internacional Nino Carvalho deixava já no título a seguinte questão: The next Marketing Leader – are you there yet?. Nino compartilhou qual o perfil tem sido exigido pelas empresas líderes de mercado para os seus executivos de Marketing, e o que se espera do papel de CMOs nos próximos três anos. “O líder de Marketing já percebe que toda a parte tático-operacional está sendo automatizada, com robôs ou inteligência artificial. Então, o papel do CMO será cada vez mais estratégico, sabendo interpretar e comandar os robôs para poder tomar novas decisões e gerar negócios”, disse o consultor.
Se o futuro se mostra incerto e desafiador, com mudanças urgentes e rupturas sucessivas no mercado, estes profissionais precisam, portanto, se recriar, para que recriem também suas marcas e organizações. Isso porque um grande número de profissionais ficará rapidamente obsoleto, em virtude da acelerada robotização e, logo, automatização dos processos de Marketing. Assim, além de ser necessário um alto compromisso dos responsáveis finais pela estratégia de Marketing de uma empresa em se reinventar, é preciso também que o CMO seja capaz de guiar tal empresa consoante sua estratégia, mesmo frente a um panorama tão disruptivo quanto o que vivemos atualmente.
Já no segundo dia, Carlos Victor Costa, diretor da ESIC Business & Marketing School, trouxe a palestra When Data met Marketing (and how they can become lovers, or, at least, good friends), com uma interessante perspectiva a respeito de como os esforços de Transformação Digital dos executivos se refletem,
ou não, em suas melhorias de performance da empresa como um todo. Em sua explicação, Costa utilizou-se de três principais pontos para criar uma cultura de Marketing orientada por dados, de modo que os altos executivos sejam capazes de tomar decisões cada vez mais embasadas.
O primeiro ponto diz respeito a uma nova perspectiva que facilita uma estratégia baseada em dados. No segundo ponto, Costa fala sobre novas formas de trabalhar para implementar programas de marketing orientados a dados. E, por último, o diretor aborda um novo conjunto de habilidades para a equipe de marketing. Para cumprir tais etapas, Carlos Victor traz um “modelo orquestrador”, no qual aborda as seguintes atividades: pensar (foco em dados), sentir (foco no engajamento do consumidor) e fazer (foco na produção de conteúdo). Para a tomada de decisão mais assertiva, o alinhamento de novos modelos de trabalho com a multidisciplinaridade dos times seria a forma ideal de sair do velho para o novo paradigma.
Por fim, no terceiro dia de evento, o painel Leaders of Digital: a conversation about the power of the future, com representantes de Google, LinkedIn, IBM, Movistar, Fujitsu e RTVE, além de abordar questões como o fato de que: segundo o Fórum Econômico Mundial, 65% das crianças que, hoje, cursam o primário ocuparão empregos que ainda não existem; o painel trouxe questões presentes a respeito do impacto do Digital nas relações de trabalho, principalmente para as lideranças e suas estratégias. Atributos como qualidade e coesão na comunicação verbal, curiosidade intelectual e persuasão foram identificados como aqueles que, desde agora, são os fundamentais para os líderes que convivem com a Transformação Digital.
Para além de tudo o que envolve as exigentes e desafiantes tomadas de decisão nestes novos contextos que o cenário digital traz, outros temas muito abordados foram aqueles que fazem esta revolução acontecer, como a Internet das Coisas (IoT), a Inteligência Artificial (AI), as realidades aumentada e virtual (AR & VR), ou seja: robôs cada vez mais humanizados, que auxiliam as pessoas em inúmeras tarefas de seu dia a dia.
Segundo Albert Planas, diretor geral e CEO do DES-Madrid, depois de quatro anos a falar sobre Transformação Digital, o mercado está mais maduro, com soluções reais implementadas, além de inúmeras empresas desenvolvendo o seu modelo de negócio através da tecnologia e melhorando suas operações e experiências com o consumidor. E, para continuar a abordagem de temas como os que aqui foram mencionados, além de novos cenários que surgem constantemente, o DES já tem a sua quinta edição marcada: entre 19 e 21 de maio de 2020.
Fica aqui, portanto, a indicação para quem tem, de alguma maneira, relação com o setor digital: o DES é um interessante investimento na área, com autoridades em assuntos diversos, que trazem à tona diferentes papéis sobre Transformação Digital, tecnologia em geral e tudo aquilo que se relaciona com os novos modelos de negócios que advêm daí. A economia digital revoluciona-se cada vez mais rápido, e é preciso estar atento às modificações, para adaptarmo-nos enquanto organizações e, também, enquanto profissionais.
é Head de Comunicação e Marketing da Embelleze Portugal, filial responsável por Europa, África e Oriente Médio. Em mais de 10 anos de experiência na área Digital, já atuou como executiva e consultora para marcas como Amazon, B2W, Mercado Livre, Magazine Luiza, MetrôRio, FGV, entre outras. Mestranda em Cultura e Comunicação pela Universidade de Lisboa, ministrou aulas e palestras em empresas e instituições de ensino no Brasil e em Portugal, com foco em planejamento, estratégia, e-commerce e marketing de influência. Possui dois prêmios da ABMN (Associação Brasileira de Marketing e Negócios) e artigos acadêmicos e executivos, publicados no Brasil e no exterior.
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