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Competindo com Gigantes

Mesmo em um universo povoado de super-heróis épicos como Thor e Super Homem, quem nunca se identificou e torceu pelos “heróis do bairro”? Luke Cage, uma das criações de Stan Lee, é um ótimo pano de fundo para o que vem a seguir.

Nascido e criado nas ruas do Harlem, um bairro de Manhattan, Nova Iorque, Cage teve sua força e resistência aumentadas por meio de experiências do governo americano, por vezes sabotadas, por vezes fracassadas, com um intuito inalcançado de replicar o soro do Capitão América.

Contudo, o fato do herói não ter adquirido tal escala de poder nem possuir habilidade mística ou arsenal tecnológico, não o impediu de construir sua fama e respeito como herói urbano por meio da sua constante luta contra o poder paralelo que havia sido instaurado em seu bairro.

Entendido o contexto deste herói, coloque-se em sua posição. Mantenha o roteiro, mas altere os personagens da trama. Quantas vezes você se viu no papel de criar estratégias para competir e sobreviver em um mercado povoado de empresas, com atuação global e recursos inestimáveis, que oferecem produtos multifuncionais e de qualidade impecável?

Caso o exemplo do Luke Cage não tenha lhe gerado empatia, olhe para as estrelas e estabeleça como exemplo o planeta Júpiter. Mesmo sendo o maior planeta na órbita solar, tendo seu raio 11 vezes maior que o da Terra, isso não impede que planetas menores como Marte e Mercúrio coexistam.

Não sei se por falta de escolha ou excesso de confiança, me deparei diversas vezes com tal papel e colecionei alguns tropeços, sucessos e táticas. Estas últimas compartilho nas próximas linhas.

 

1) Garanta o básico bem feito

O desafio aqui é dissecar o produto e encontrar qual é a função esperada pelo seu segmento de mercado. Grandes empresas podem até se dar ao luxo de oferecer 1.001 funcionalidades e atirar para todos os lados, contudo, cabe a você garantir a entrega e manutenção desta essência funcional do produto, podendo ainda tal eficácia proporcionar redução de custos e um preço mais atrativo para a venda.

 

2) Entenda a percepção de valor do segmento

Mesmo com investimento em pesquisas, ninguém melhor do que você para saber as reais necessidades e desejos dos clientes. Logo, foque e invista nas soluções que sejam reconhecidas pelo seu público, gerando assim diferencial sustentável e perene. Não se esqueça qual é a empresa que está jogando “em casa”  e qual está em um campo adversário.

3) Tenha eficiência na estrutura de custo

Se não é possível contar com elevado patamar de venda para atingir um ganho de produção em escala, é preciso potencializar a saúde financeira por meio de uma estrutura de custo enxuta. O importante não é o quanto se ganha, mas sim quanto se gasta.

 

4) Atenda bem para atender sempre

Invista seu esforço na gestão da qualidade do relacionamento com o cliente, busque a redução contínua de processos demasiadamente burocráticos e torne-se parte agradável de sua rotina, transformando-se em um facilitador, sempre disposto a ajudá-lo ou orientá-lo. Assim o aumento da recorrência da compra ou do período de permanência do cliente  será  estimulada de forma orgânica e eficaz.

 

5) Distinga potencias parceiros entre seus concorrentes

Se “Júpiter” é grande demais para você tentar conquistar os clientes dele, foque em identificar maneiras de tornar “Júpiter” um grande parceiro comercial. Esta não é uma ação óbvia nem de fácil implementação, mas, se não houver intersecção entre os públicos-alvo, as empresas podem ser mais fortes juntas do que separadas, uma se valendo de seu tamanho, outra do seu conhecimento regional.

 

6) Aproxime-se de grupos locais de uso

Participe e apoie o calendário de eventos regionais do seu segmento e promova encontros na própria empresa, tangibilizando e facilitando a comunicação dos seus valores. Dessa forma, as barreiras formais que separam empresa e clientes serão quebradas.

 

[EXTRA] Mapeie as referências positivas dentre os seus concorrentes

Aprender com as ações de sucesso da concorrência não significa que iremos copiá-las ou que gostaríamos de “ser” essas empresas. Mas, sim, reconhecer e entender as estratégias e táticas que a fizeram se tornar uma referência.

A solução que atende um público segmentado não é inferior a uma que atende grandes mercados. No final do dia, todos irão calcular suas receitas, abater seus custos e aferir a lucratividade.

é graduado em Administração pela Universidade Mackenzie; pós-graduado em Economia, pela formação conjunta da USP com a universidade de Grenoble/FR, e recentemente pós-graduado em Marketing Management, pelo Insper. Atua como Product Ower do portfólio Cloud na Locaweb, além de coautor do desconstrutivo.com e entusiasta do desenvolvimento por meio do encontro das ciências sociais e exatas.

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