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Aprendizagem adaptativa, automação e autoaprendizagem: os três pilares da educação corporativa em 2020

educação corporativa

O colaborador já não busca apenas por capacitação. Ele quer trilhar o seu próprio caminho de aprendizagem. Tem pressa e deseja que essa atualização seja contínua. Nesse cenário, a tecnologia tem sido sua maior aliada, pois vem revolucionando a forma de se fazer educação corporativa, que é cada vez mais digital. Em 2020, não será diferente. As tendências para o ano são, sobretudo, apostas para aquilo que pode redefinir o futuro e mudar a forma como as pessoas encaram sua relação com o trabalho, com o mundo e com a tecnologia. Nesse horizonte, há três grandes perspectivas em relação à educação corporativa.

Uma delas é a autoaprendizagem. Nela, o colaborador tem autonomia para criar a própria jornada educacional, escolhendo o caminho que deseja traçar de acordo com os seus objetivos. A segunda é a aprendizagem adaptativa ou personalizada. Há uma gama variada de ferramentas que possibilitam adaptar essa jornada às características e ao histórico do colaborador. A última, e que se conecta com as demais, é a automação. Hoje, ferramentas tecnológicas educacionais dotadas de inteligência artificial mapeiam o perfil do aluno para depois auxiliá-lo na criação de seu caminho de autoaprendizagem e de forma personalizada.

Esses três pilares, que simbolizam o cerne das tendências em educação corporativa para 2020, entram em consonância com o perfil profissional predominante no mercado de trabalho: os Millennials. Nascidos entre 1981 e 1995, eles têm, hoje, entre 24 e 39 anos e representam 37% da força de trabalho brasileira. Cresceram com recursos tecnológicos à disposição – foram iniciados no desktop e migraram para o mobile – e estão sempre conectados. Logo, ferramentas tecnológicas são para eles um importante canal de aprendizagem. Além de conferirem praticidade e agilidade ao processo, são soluções que oferecem dados e ajudam as empresas a definirem metas para engajar esses trabalhadores.

Primeiro grande hack que deve surpreender em 2020, a Plataforma de Experiência de Aprendizagem, ou LXP – sigla em inglês – é uma ferramenta que permite à empresa personalizar a educação de seus colaboradores. A solução tem ganhado cada vez mais espaço dentro do ambiente corporativo. De acordo com o especialista em Recursos Humanos e Aprendizagem, cujos livros são reconhecidos globalmente, Josh Bersin, o mercado de LXPs já movimenta US$ 350 milhões e a tendência é que mais do que dobre a cada ano. Seu maior atrativo é permitir que o próprio usuário decida quais cursos realizar e de que forma. No melhor estilo Netflix, a plataforma faz recomendações orientadas por inteligência artificial e machine learning – levando em conta históricos de treinamento, perfil e interesses de cada colaborador.

Outra tendência para 2020 é a oferta de conteúdos mais curtos e que possam ser consumidos em diversos momentos, a caminho do trabalho ou na hora do intervalo da jornada, por exemplo. São soluções mais ágeis e flexíveis para atender a um profissional que quer aprender no momento em que ele desejar. São as chamadas soluções de microlearning – que é quando o conteúdo é dividido em pequenas doses, para ser assimilado rapidamente e com frequência – por meio de mobile learning – ou seja, disponível em dispositivos móveis, como o celular.

O próximo ano também será do big data. As empresas nunca tiveram tantos dados à disposição como agora e a tendência é esse volume aumentar mais. A quantidade de informações produzidas globalmente irá quintuplicar para 175 zettabytes em 2025, segundo projeção da empresa de tecnologia americana Seagate. Na educação corporativa, esses dados gerados diariamente por diferentes negócios, podem ser usados para treinar os funcionários de acordo com as necessidades dos clientes e, assim, melhorar o atendimento. E também para aprimorar o próprio treinamento, a partir da revelação de padrões de comportamento dos funcionários.

As empresas também têm aumentado seus investimentos em gamification. O mercado global dessa ferramenta encerrou 2018 valendo US$ 6,8 bilhões e as estimativas são de que alcance US$ 40 bilhões até 2024. O uso do design e da mecânica de jogos para enriquecer conteúdos educativos vem ganhando relevância porque ele aumenta o engajamento, a produtividade e a sensação de pertencimento e propósito no trabalho, indicam pesquisas.

A incorporação de realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA) a treinamentos também deve crescer, já que seus custos vêm se tornando mais acessíveis e ambas são importantes meios de se aumentar a concentração e a retenção do conteúdo. Sistemas de treinamento que fazem uso de inteligência artificial (AI) também estarão em ascensão, pois a AI é capaz de traçar rotas de treinamento individuais mais eficientes observando os padrões de uso de cada usuário de uma mesma plataforma de cursos.

As inovações são distintas, mas convergem em um só objetivo: usar todo o potencial da tecnologia de forma que o profissional aproveite o melhor dessas ferramentas em prol do seu próprio método de aprender.

é formado em Engenharia de Produção Mecânica pela UFSC e em Administração pela Udesc. Em 1996 fudou o DOT digital group, empresa que desenvolve soluções digitais para educação, e da qual hoje é CEO.

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